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Autor Tópico: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR  (Lida 10959 vezes)

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Offline Josy

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SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« em: 19:13 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Boas,

Para todos os possíveis interessados a quem desde já se apela á participação, com ideias, dúvidas, conhecimentos e dicas achei que seria boa ideia abrir aqui um tópico destinado à segurança na pesca e á segurança e sobrevivência no mar, ou em meio aquático, como queiram.

Pretende-se englobar desde os aspectos mais comuns como seja o retirar de um anzol cravado num dedo, ou a correcta verificação das condições meteorológicas, até aos aspectos mais técnicos, passando pelos alertas de segurança, em que cada um pode contribuir quer através de conhecimentos, quer da sua experiência pessoal.

Julgo tratar-se de um assunto necessário não só por respeito e consideração por nós próprios e dos nossos companheiros mas também pelas suas famílias que esperam e têm direito á sua segurança, tranquilidade e paz de espírito enquanto praticamos esta actividade.

O intuito não é o de criar infundados receios mas sim  de contribuir para desmistificar e compreender este maravilhoso elemento e as suas vicissitudes de forma a que com mais confiança e maior liberdade possamos desfrutar de muita e boa pesca mas também por muitos e bons anos.

Cumprimentos. :fixe:
 

Offline Nelson Peres

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #1 em: 20:33 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Não sou o melhor gajo para dar opiniões aqui neste post mas vou seguir com atenção. Muito interessante Josy ;)
Nelson Peres
 

Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #2 em: 21:14 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Boas,
Relativamente ao anterior forum alguns artigos já escritos foram objecto de revisão.

INTRODUÇÂO

Como penso que é do conhecimento geral todos os anos acontecem vários acidentes relacionados com a pesca ou com o mar em geral seja em embarcação seja em terra, de praias, de arribas, em que companheiros pescadores e não só perdem a vida, dai penso justificar-se este tópico que andava a preparar e que lamentáveis acontecimentos recentes fizeram apressar, por isso peço desculpa de alguns eventuais lapsos.

Devo aliás dizer, ainda que com toda a consideração e agradecimento devidos ao administrador do site por nos proporcionar este espaço, que nunca entendi porque é que no fórum não existe em destaque algo relacionado exclusivamente com a segurança no mar ou na pesca em geral.

Tenho reparado que muita gente desvaloriza esta questão pelo que convém dizer que a primeira coisa que se aprende em qualquer curso de segurança e sobrevivência no mar é que este é um meio hostil, o que, segundo creio, todos entendemos.

Pode-se traduzir em linguagem, ainda que muito simplista, por; Não somos seres marinhos.

No mar podem acontecer as mesmas coisas que em terra má disposição, ataque cardíaco, doença súbita, quedas e por ai vai… sendo que a água não é o ambiente mais natural do ser humano e que o socorro tem grandes probabilidades de ser mais demorado, em especial, o socorro especializado.

Acresce a isto que alterações súbitas de certos factores atmosféricos fazem-se sentir muitas vezes de forma mais abrupta e violenta no mar, onde o abrigo e a salvaguarda estão mais distantes.

Aos valentões e vivaços a sabedoria popular contrapôs um ditado bem antigo;
“Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”

Em termos legais, não sendo especialista na matéria, penso que será do conhecimento geral que a tripulação deve obediência ao comandante da embarcação, ele é o responsável pela segurança da mesma bem como de todos a bordo e deve ter precisamente consciência disso, o caso não é para brincadeiras.

Os nossos antepassados foram aliás dos primeiros responsáveis por este instituto jurídico (conjunto de normas jurídica que regulam determinada matéria) cuja origem data da época dos descobrimentos e que não regula apenas a navegação marítima mas foi também, em grande parte, adaptado á navegação aérea.

Por toda essa ordem de razões, tendo conhecimento disto mas também pela experiência de bastantes peripécias, muitas ainda no tempo da total inconsciência, adoptei, como já referi noutros posts, a regra que obriga todos os tripulantes ao uso de um colete que considere apropriado.
Assim que a democracia exerce-se em terra todos podem escolher se aceitam as regras ou não, uma vez embarcados não existe dúvida sobre quem manda nem quem obedece, o que, aliás me acontece quando estou na situação inversa, nada demais.

Continua...
Cumprimentos.
 

Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #3 em: 21:23 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Boas,

Continuação….

A verificação das condições de segurança cabe em primeiro lugar ao comandante ou mestre da embarcação, a quem eventualmente poderão ser imputadas as consequências legais além das complicações burocráticas no caso de sinistro em que tenha havido comprovada negligência ou má conduta.

Cabe-lhe verificar antes da saída que os meios de segurança, instrumentação e propulsão se encontrarem em perfeito funcionamento, dar algumas informações que considere relevantes e questionar se alguns dos tripulantes terá alguma circunstância particular relevante que deva merecer atenção, algo relativamente simples e pouco demorado.

Contudo a segurança cabe também a todos os elementos da tripulação. Todos os tripulantes têm o dever de avisar prontamente o mestre ou comandante da embarcação de qualquer objecto flutuante ou circunstância que visualizem e constituam ou possam vir a constituir perigo para a embarcação, inclusive bóias, aparelhos, cabos, etc.

O retorno ao porto de origem não é obrigatório. Nos casos em que sobre o mesmo se possam levantar, por circunstâncias diversas, fundadas dúvidas de segurança a opção deverá recair sempre pelo porto cuja rota seja mais segura.
Os tripulantes devem acatar a alteração e regozijarem-se pela sua segurança ter sido privilegiada. O contratempo poderá eventualmente vir a ser aproveitado de forma positiva.
Daqui decorre também a necessidade de existência de uma reserva ou excedente de combustível relativamente ao percurso inicialmente previsto de forma a não condicionar as opções a tomar em caso de necessidade.

Continua....
Cumprimentos.
 

Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #4 em: 21:28 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Boas,

COLETES

Em termos simples a legislação veio obrigar que a pesca embarcada se faça de colete quer para profissionais quer para desportistas no entanto este acessório está muito longe de ser útil, e inúmeras vezes determinante, apenas para a pesca embarcada, pode servir para o caso de queda de uma arriba, para o caso de uma escorregadela ou arrastamento pela ondulação em molhes, pontões, no spinning etc…

Os coletes são dos principais acessórios de segurança de que todos temos conhecimento e dividem-se em vários tipos existindo uma classificação internacionalmente aceite como sendo dos tipos 1, 2, 3, 4 e eventualmente 5.

Para as crianças, pessoas portadoras de deficiência e animais existem coletes especificamente apropriados.

Aqui vou tratar dos 3 primeiros pois são os mais relevantes e cuja classificação é mais consensual. A nossa escolha deve sempre recair num munido de apito e de fitas reflectoras SOLAS (Safety Of Life At Sea – Convenção internacional para a salvaguarda da vida humana no mar);

1.2- TIPOS

Tipo 1 – Navegação oceânica normalmente asseguram uma maior flutuabilidade, água abertas, mar revolto onde o socorro possa ser mais demorado, asseguram a manutenção da pessoa voltada de rosto para cima ainda que em caso de inconsciência, fornecem uma sustentação entre acima de 150 Newtons e, geralmente, 275 N;

Tipo 2- Para actividades marítimas em geral, águas calmas, navegação costeira, águas interiores ou onde possa haver boas probabilidades do socorro ser rápido, asseguram que a maior parte das pessoas fique na posição de rosto para cima ainda que em caso de inconsciência, isto no caso de serem sólidos ou auto insufláveis. Não é aconselhado para situações em que se esteja muitas horas em condições de mar revolto, sustentação 150 N;

Tipo 3 - Também internacionalmente designados de auxiliares de flutuação, para actividade embarcadas em geral ou especificas segundo a rotulagem do produto tais como, Ski aquático, pesca, caça, canoagem, sempre em águas interiores ou zonas abrigadas em condições de bom tempo e onde seja elevada a probabilidade de rápido socorro.
São geralmente os mais confortáveis de usar, disponíveis em muitas formas incluindo fatos, casacos de flutuação além de coletes flutuantes.
Para utilizadores em estado de consciência, não garante a manutenção da posição de rosto para cima para a maior parte das pessoas. O utente pode ter que inclinar a cabeça para trás para manter a cabeça fora de água. Aconselha-se a sua experimentação prévia antes de embarcar. Não adaptado para sobrevivência em águas revoltas onde a cabeça possa estar algumas vezes coberta pela ondulação. Sustentação até 100 N.

1.3- Distinção entre coletes sólidos e coletes insufláveis.

1.3.1 - Coletes sólidos:

Vantagens: Mais resistentes ao impacto e ao contacto com objectos cortantes ou perfurantes, resultantes de destroços ou outros bem como de proximidade de rochas pontiagudas, esta vantagem torna-se maior em caso de inconsciência do utilizador, pois está impossibilitado de se afastar dos mesmos.
Aconselháveis para quem não saiba nadar ou para pessoas mais susceptíveis de entrar em pânico.
Situações de inconsciência.
No caso de ser o único tripulante a bordo em embarcação totalmente aberta.
Aconselháveis para pessoas com problemas específicos de saúde que possam ditar inconsciência súbita.

Inconvenientes: Geralmente incómodos, mais pesados e volumosos, restringem os movimentos. Totalmente desaconselháveis de usar quando dentro da super estrutura da embarcação ou do seu convés inferior pois existe uma grande probabilidade de impossibilitarem o seu abandono no caso da embarcação virar ou afundar rapidamente uma vez que funcionam como "constantemente insufláveis".

1.3.2. - Coletes Insufláveis

Vantagens: Práticos, cómodos, mais leves e menos volumosos, permitem uma muito maior liberdade de movimentos.

Inconvenientes: Exigem manutenção/verificação de acordo com as indicações do fabricante que em qualquer dos casos a ser feita no mínimo anualmente. Menor resistência ao impacto e ao contacto com objectos cortantes ou perfurantes, resultantes de destroços ou outros bem como de proximidade de rochas ou objectos pontiagudos. Contudo a evolução tecnológica permitiu entretanto minimizar bastante este problema na gama alta são feitos com fibras resistentes á abrasão e ao impacto, podendo possuir ou não dupla câmara e duas garrafas de Co2.
Desaconselháveis a menores de 13 anos.

1.3.2.1- Com Insuflação Manual

Vantagens: São os únicos aconselháveis para uso quando em permanência dentro da super estrutura da embarcação ou do seu convés inferior.

Inconvenientes: Desaconselháveis para quem não saiba nadar ou para quem possa ser dominado pelo pânico e desespero para descobrir a pega do cordão de gatilho.
Totalmente desaconselháveis no caso de inconsciência.
Desaconselháveis para pessoas com problemas específicos de saúde que possam ditar uma inconsciência súbita.

1.3.2.2- Com Insuflação Automática

Vantagens: Para quem não sabe nadar ou para quem possa ser dominado pelo pânico evitando a luta para descobrir a pega do cordão de gatilho.
Em caso de inconsciência.
No caso de ser o único tripulante a bordo em embarcação totalmente aberta.
Pessoas com problemas específicos de saúde que possam ditar uma inconsciência súbita.

Inconvenientes: Totalmente desaconselháveis de usar quando dentro da super estrutura da embarcação ou do seu convés inferior pois existe uma grande probabilidade de impossibilitarem o seu abandono no caso da embarcação virar ou afundar rapidamente.

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Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #5 em: 21:37 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Boas,

OUTRAS INFORMAÇÕES E DICAS

10 Newtons = 1 kg de flutuação (valor aproximado depende de algumas variáveis).

A performance dos coletes é negativamente afectada pelo uso de roupas pesadas, botins á prova de água e uso de roupa resistente á chuva.

Em navegação diurna é recomendável trazer num bolso um espelho, existem uns pequenos próprios e baratos, em navegação nocturna ou tempo escuro é imperativo a utilização de uma lanterna SOLAS para que mais facilmente possa ser encontrado, estudos revelam que adicionalmente estes elementos contribuem para a manutenção de uma maior sanidade mental e auto controle perante a situação.

A permanência de uma criança a bordo, além de uso de colete sólido apropriado exige a constante vigilância de um adulto.

O colete usado solto ou aberto é perigoso o fecho tem de ser firmemente fechado e não devem caber mais de 2 dedos entre o corpo e a correia.

Apenas um colete salva-vidas que esteja firmemente ajustado ao corpo poderá mantê-lo numa posição estável de costas na água.
Em caso de necessidade de abandono da embarcação o salto para a água não deve ser superior a 3 metros e efectuado com os braços cruzados por cima do colete para evitar ferimentos em especial usando coletes sólidos ou já insuflados.

A referência em matéria de segurança no mar cabe aos países nórdicos essencialmente Noruega, Dinamarca e Suécia.

EXEMPLOS E VISUALIZAÇÕES:

Num tristemente célebre acidente de avião em que este teve de amarar próximo a uma praia, grande parte dos ocupantes faleceu devido a terem insuflado o colete antecipadamente. A posterior entrada de água comprimiu-os contra o tecto e impossibilitou-os de mergulharem e saírem da estrutura do avião enquanto este se afundava. Situação de perigo aplicável aos coletes sólidos e auto insufláveis.

Um amigo que voltou a embarcação a norte das Berlengas, sem colete, tendo ido sozinho, sobreviveu porque conseguiu descalçar as galochas voltou uma ao contrário e usou-a como bóia. Tenham a preocupação de as escolher com folga apropriada.

No spinning especialmente de inverno sabe-se a facilidade com que o arrastamento pode acontecer, por um lado a areia, algo grossa num declive pronunciado fornece pouca sustentação/firmeza, por outro ondas que rebentam mesmo junto á areia e, por vezes, a uns 4 metros da entrada na água, se tanto, deixa-se de ter pé.

Colete para spinning, rockfishing e embarcação (verão e águas calmas)


Colete de mar 175 N


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Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #6 em: 21:42 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Boas,

Continuação de Exemplos e Visualizações

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Offline Nelson Peres

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #7 em: 21:53 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Grande aula Josy. 5*
Nelson Peres
 

Offline LMagina

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #8 em: 23:15 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Muito bom! Parabéns pelo trabalho!!! :)
Lembrem-se sempre: "Quem peixe procura, peixacha!"
 

Offline ffgsoares

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #9 em: 23:34 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »

 Tá uma maravilha ! ;)
 

Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #10 em: 01:45 Quinta, 26 de Dezembro de 2013 »
Parêntesis no tópico:

Na sequência do trágico incidente ocorrido no fim-de-semana passado impõe-se um parêntesis que além de alerta a toda a navegação na área serve como homenagem ás vítimas, pois estou em crer que, como bons companheiros, seria o seu desejo fazê-lo caso estivessem entre nós.

No caso houve a lamentar o falecimento de 6 companheiros dos 7 que iam a bordo apenas tendo sobrevivido (tanto quanto sei) o mestre ou comandante da embarcação.

Referindo-me o mínimo possível quer ao caso concreto quer aos seus aspectos particulares, o presente de forma nenhuma menospreza o lamento e a consideração por eles, familiares, amigos e conhecidos, apenas considera que o alerta devido a esta zona de navegação constitui um valor maior que se sobrepõe e urge divulgar ou acentuar.

Assim que;

A navegação em condições de mar com ondulação elevada e com um período grande torna interdita a rota directa entre o Cabo Espichel e o rio Tejo, ainda que em condições de boa visibilidade.

A rota a seguir, no caso de ser possível, isto é havendo condições para retornar ao porto de origem, passará pelo afastamento da costa indo apanhar o canal de navegação (aproximação) a Lisboa no sentido sul - norte passando a oeste do Farol do Bugio numa distância bastante considerável deste ultimo indicada no Gps, até ao ponto de intersecção deste canal de navegação com linha da entrada da barra, só depois se deve mudar de rumo e seguir na sua direcção. O mesmo acontece se a navegação for efectuada em sentido contrário.
Caso tal, por circunstâncias diversas, não se afigure possível não há que hesitar, ruma-se a Sesimbra tendo o cuidado de passar no mínimo a meia milha a sul do Espichel.

A vaga com altura considerável e com período na casa dos 16 indica, em especial nesta época do ano mas não só, que as massas de água são volumosas e portadoras de uma enorme energia cinética (tanto maior quanto maior for a altura da vaga, o período e dependo das condições de vento e maré).
Enrolam bastante afastadas da costa com frequência. Destas circunstâncias fazem parte cabeços e baixios que existem ao longo de todo o percurso e que se acentuam e tornam a navegação ainda mais especialmente perigosa à medida que nos aproximamos da Costa da Caparica, por um lado, ou da Cova do Vapor no caso de rumo em sentido inverso.
Inclui ainda toda a zona entre a Costa de Caparica, Cova do Vapor e qualquer proximidade do Farol do Bugio, que, mesmo de verão e com mar calmo, aconselham cuidados, conhecimento da zona e uma prévia observação atenta do mar.

Certo dia, há uns anos atrás, em circunstâncias de mar idênticas, na parte navegável dessa interdita rota directa, as embarcações na sua maioria profissionais, avisavam todas as restantes, ou avisavam-se mutuamente, através de gesticulação que não deixava margem para dúvidas do perigo em que se incorria caso a navegação não fosse feita com a devida distância de terra.

Para qualquer das direcções que se navegasse sem essa devida distância era algo semelhante a entrar na auto-estrada em sentido contrário.

Cumprimentos.
 

Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #11 em: 02:02 Quinta, 26 de Dezembro de 2013 »
Boas,
ADENDA AO POST ANTERIOR

A confusão não ajuda ao esclarecimento, ainda para mais em assuntos em que pode estar em causa a vida humana dai esta adenda ao post anterior.

Não existem dúvidas que andavam á pesca na zona onde, de resto, estavam várias outras embarcações naquele dia.

Em conversa com um amigo que lá esteve também à pesca nesse fatídico dia, num Riamar Sagres, disse-me que tinha conversado com pessoas dessa embarcação tendo sido informado, na altura dessa conversa, que ainda tinham pouco peixe.

A embarcação em que foi esse meu amigo que de resto também é proprietário de uma outra embarcação e pessoa experiente em navegação naquele mar, embora naquele dia não fosse ao leme, partiu e regressou a Cascais sem problemas pela rota que mencionei no anterior site.

O erro de avaliação não foi momentâneo com aquele mar não se vai nem se vem por aquela rota considerada na sua totalidade, nem de dia nem de noite.

Penso que já ter explicado por forma a que qualquer pessoa usando um mínimo de racionalidade, mesmo que não tenha experiência ao leme, entendesse que o acidente naquelas circunstâncias seria muito dificilmente inevitável. Refiro-me ao acidente e não a todas as suas mais trágicas consequências, duas coisas que poderiam ter sido diferentes.

Tenho centenas, senão mais, de horas de navegação, ao leme e não só, na península de Setúbal, nas mais variadas circunstâncias e épocas do ano desde mar como na altura se encontrava a nevoeiro súbito totalmente cerrado etc… e, neste caso, sei exactamente do que falo, no entanto não estou livre de nada.

Quer na 6ª feira anterior, quer no próprio sábado quer ainda no domingo andaram pela zona á pesca vários amigos e alguns conhecidos, tendo inclusive recebido telefonemas do mar, algo que é comum.

Se me perguntassem se o mar estava aconselhável, claro que não estava, aquilo não é mar para quem conhece ou para quem conhece e é da zona nada disso, isso é tudo muito curto, no caso não interessa para nada.

É mar apenas para quem conhece, sabe, é previdente e tem bastante experiência ao leme de navegação na área nas mais variadas circunstâncias e épocas do ano, isto além de embarcação adequada claro está.

Não há misticismos, existe muita gente nestas condições. Foi por isso que em todos esses dias lá estiveram um número considerável de embarcações de diversos portos de origem que regressaram bem.

Estou assim livre de me considerar alguma espécie de ser iluminado que sabe e tem alguma experiência sobre tudo, pelo contrário, considero que a humildade é condição absolutamente necessária para se aprender o que quer que seja.

Cada um de nós sabe e tem experiência sobre parte da vida e da realidade que, por diversos  interesses ou circunstâncias, ocasionalmente ou não, levaram a isso, dai grande parte da utilidade de qualquer fórum.

Um dos principais sinais que me deixam logo em estado de alerta são pessoas que sabem tudo, nunca têm dúvidas e raramente se enganam, nunca dá bom resultado.

Cumprimentos. :fixe:
 

Offline Pedro Lourenço

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #12 em: 10:33 Quinta, 26 de Dezembro de 2013 »
Uma leitura clara do que para mim acho que foram as causas de tao triste acidente... resume-se a más opções do comandante em 2 aspectos: Navegaçao em zona desaconselhada e navegaçao noturna com mar que o desaconselha...
 

Offline joaonumberone

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #13 em: 17:22 Quinta, 26 de Dezembro de 2013 »
Pois, é isso Josy, se fosse de dia talvez conseguissem ver onde a onda começa, digo eu talvez, mas cortar caminho é complicado,  fica o aviso para outros.

O que o Josy disse está muito correcto, mas para não ficarem assustados deixo esta citação "For example, a 150 Nt inflatable lifejacket, designed for an adult of approximately 70kg, should offer at least 150Newtons buoyancy"

Ou seja um colete de 150 Newton mantém (mais ou menos) um adulto de 70 kgs á tona. Atenção ao pessoal mais pesadote. De qualquer forma normalmente mesmo sem colete aguenta-se um pouco, o colete ajudará muito.

Em janeiro irei comprar o meu, ainda estou em estudos, para ver o melhor e menos incómodo, mas que cumpra a legislação.
Give a man a fish and he will eat for a day.  Teach him how to fish and he will sit in a boat and drink beer all day.
 

Offline Josy

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Re: SEGURANÇA NA PESCA - SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA NO MAR
« Responder #14 em: 19:08 Quinta, 26 de Dezembro de 2013 »
Boas,

Sim Pedro mais ou menos isso, uma coisa é certa por ali não era o caminho, além de que só o facto de não terem os coletes devidamente postos é bem indicativo que ninguém tinha a mínima noção de onde se estava a meter.

Caro João por acaso conheço essa frase e foi óptimo chamar a atenção para esse ponto, ela indica que para um adulto que pese aproximadamente 70 kgs a força ascensional de flutuação que um colete de 150 N proporciona, digamos assim, está na ordem dos 15 kg.

Implica considerar o peso específico médio, a que também se pode chamar densidade média de massa corporal de uma pessoa de 70 Kg, vestido com uma roupa considerada normal.

A flutuabilidade é um jogo de densidades e centros de gravidade. Não tem tanto a ver com o peso de cada pessoa mas mais com peso específico ou densidade corporal de cada um e ai sim existem variações entre diferentes pessoas e até da própria pessoa ao longo da vida.

No caso isto dita que uma pessoa com uma elevada densidade de massa corporal tem tanto menor flutabilidade quanto mais pesado for.

O óptimo seria cada um experimentar o colete na água, mas sua impossbilidade, convém fazer o
ALERTA

Os mais pesados não sabendo a sua flutuabilidade deverão ter mais cuidados na escolha de um colete e se possível comprá-lo com alguma flutuabilidade adicional tendo também atenção a que o desempenho dos coletes é negativamente afectado pelo uso de roupas pesadas, botins á prova de água e uso de roupa resistente á chuva.

Assim parece que estamos a compor a coisa.
Obrigado.

Cumprimentos. :fixe:
 

 

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