Há dois meses, comecei a juntar uns trocos para comprar um carreto novo.
Já sabia ao que ia — isto não era propriamente comprar pastilhas na bomba de gasolina.
Era coisa para custar os olhos da cara e, se calhasse, um rim em segunda mão.
Por isso, lá comecei a encher o porquinho, moeda a moeda, com a paciência de um santo e a fé de um pescador que acha sempre que amanhã é que vai morder o pargalhão.
Chegado o dia 1, pus-me na minha rotina de pobre com ambição: vasculhar a internet em busca do milagre.
Abri sites, comparei preços, e até prometi a mim mesmo que, se encontrasse um carreto bom e barato, nunca mais dizia mal do Governo (menti, claro).
Procurei Shimano, procurei Daiwa… e nada. Os preços continuavam mais altos do que o ego do Cristiano Ronaldo.
Foi então que me deu a travadinha na cabeça: “E se eu procurasse por aquela marca que tem a máquina perfeita, aquela que fica na vitrine a brilhar e faz salivar qualquer pescador?”
Assim meio por desporto, escrevi Van Staal no motor de busca, certo de que ia ver números capazes de me provocar um AVC.
Mas foi nesse instante que o universo decidiu brincar comigo.
Ali estava ele: o Van Staal VR150, reluzente, a menos de metade do preço.
Quando vi aquilo, quase engoli a língua de susto. Quando a esmola é muita, o pobre desconfia… e eu desconfiei.
Desconfiei tanto que achei que estavam a tentar vender-me um carreto cheio de areia, ou um pisa-papéis em forma de carreto.
Fui dormir, mas passei a noite inteira a remoer a coisa. No dia 2, armado em inspector da PJ, li reviews, vasculhei fóruns, enviei prints ao grupo de pesca e até mostrei ao meu gato, que me olhou com aquela cara de quem diz “Tu é que sabes, mas eu vou continuar a dormir.”
Tudo indicava que não era treta. E como o vendedor estava na Amazon, pensei: “Se correr mal, olha, devolvem-me o guito.”
E assim foi: dei ao dedo, comprei, e preparei-me psicologicamente para ser burlado.
Mas seis dias depois, bateram-me à porta. Abri a embalagem com as mãos a tremer como se fosse um testamento de um tio rico. Lá estava ele, o menino, todo bonito, legítimo, a brilhar como um Santo Graal dos carretos.
Ainda não tive tempo de o experimentar porque chegou hoje, mas só de o segurar sinto que é diferente.
O Van Staal VR150 não é só bonito — parece feito de material que saiu de um filme de ficção científica, leve como uma pena, mas robusto como Fernando Couto, que dava tudo em campo e nunca se deixava abalar.
Quando der a primeira volta na manivela, sei que vou sentir que comprei não só um carreto, mas um bilhete VIP para a pesca dos campeões.
E até parece que o carreto me sussurra: “Relaxa, pá, daqui para a frente é só ferrar e puxar.” O Drag? Esse é tão bruto que quase dá vontade de meter um cinto de segurança antes de começar a enrolar.
Cá estou eu, com o Van Staal debaixo do braço, pronto para a próxima aventura, de peito feito e com aquele ar convencido de quem acha que vai sacar um atúm ao primeiro isco na agua.
🛠️ Van Staal VR150
Corpo: Alumínio 6061-T6 usinado, totalmente vedado
Peso: 480g
Capacidade de linha: 330 metros de linha 0,33 mm ou 400 metros de linha trançada 0,30 mm
Relação de recuperação: 4.8:1
Recuperação por volta: 86 cm
Drag máximo: 15,8 kg
Rolamentos: 13 rolamentos de esferas de alta precisão
Material do eixo da bobina: Titânio sólido
Sistema de arrasto: Carbono, totalmente vedado e resistente à água salgada
Manivela: Dobrável, com pega ergonómica em borracha
Inclui: Kit para conversão para modelo bailess
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