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Autor Tópico: A história do achigã parte 2  (Lida 1185 vezes)

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Offline Marco Santos

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A história do achigã parte 2
« em: 23:52 Quarta, 16 de Julho de 2014 »
Uma amostra de comida

Sabermos o que come o achigã pode significar o êxito de muitas pescarias.
Se é verdade que é necessário irritá-lo quando ele não quer comer, não é menos verdade que um petisco cai sempre bem. Antes de mais é importante sabermos qual o tipo de amostras que melhor lhe enche as medidas: não a si, mas ao peixe...
Como é referido por um articulista da Bassmaster num artigo da mesma revista (Set/Out de 1992) sobre os alimentos do achigã:
"Os pescadores têm um grande interesse sobre o que o achigã come. Na realidade, a dieta da espécie que pescam pode ter uma relação directa com virtualmente todos os aspectos deste desporto, desde a localização e forma de apresentação das amostras, até ã sua própria selecção." Aliás, este interesse não é exclusivo dos pescadores de achigã, sendo extensível aos técnicos e investigadores que com ele lidam.
Das várias abordagens que se podem fazer sobre a alimentação de um peixe:
Motivação (fome, saciedade, etc.); Estratégia alimentar (de perseguição, captura e ingestão); tipo de alimentos consumidos; Influência do meio (temperatura da água, transparência, turvação, abundância de vegetação aquática, de abrigos e de estrutura), entre outros, vamos focar, neste primeiro trabalho sobre este apaixonante tema, as presas preferenciais desta espécie no seu continente de origem e em Portugal. Convirá referir de início que abordaremos as presas dos achigãs que pescamos, exemplares adultos (digamos com mais de 30 cm de comprimento, já que o achigã modifica a sua dieta à medida que cresce.
Podemos dizer como referência que este predador inicia a sua alimentação com microscópicos crustáceos zooplanctónicos. Após atingir, mais ou menos, cinco centímetros alimenta-se de larvas/ninfas aquáticas de insectos (por ex. de ninfas de libélulas) e outros invertebrados, podendo-se considerar que desde os quinze centímetros a sua dieta passa a ser globalmente similar à dos adultos. Por o achigã possuir uma área de distribuição tão vasta em todo o mundo, tem de conseguir sobreviver alimentando-se de presas variadas. Mesmo ao longo do continente de onde é originário as presas consumidas por este centrarquídeo variam de zona para zona (variando ainda dentro da mesma zona entre diferentes sistemas: lagos naturais, rios ou albufeiras).
Precedendo a apresentação dos grupos de presas potencialmente consumíveis pelo achigã. sintetizando e extraindo o essencial, pode-se dizer que o achigã é uma espécie preferencialmente ictiófaga (quando adulta), ou seja, que consome principalmente outros peixes. Apesar da lista ser mais extensa o denominador comum da sua dieta, no continente Americano, Europeu, Asiático e Americano é, convirá frisar outra vez, o peixe.


Presas Americanas

Nos EUA a lista das espécies predadas pelo achigã é grande (ocasionalmente muitas espécies de peixe e de outros animais podem ser atacadas e consumidas) mas pode ser concentrada num conjunto de presas principais:

1. As percas sol (várias espécies do género lepomis ) existentes nos EUA. Esta é geralmente dominante na dieta do achigã em pequenas albufeiras ou em albufeiras sem outras espécies preferidas.

2. Os peixes vulgarmente designados nos EUA por shad*. Estas presas são consumidas tipicamente em grandes albufeiras nos Estados do Sul dos EUA. O shad forma, nas albufeiras onde existe, grandes cardumes.

3.Pequenos peixes, geralmente ciprinídeos**, designados nos EUA vulgarmente por "minnows" e "shiners'.

Englobam-se nesta categoria várias presas do achigã. Estas quando existem podem ser preferidas, nomeadamente em albufeiras/lagos naturais de pouca profundidade e com vegetação aquática abundante.

4. Trutas e outros peixes de águas frias podem ser alimento importante em lagos naturais no Norte do continente americano.

5. Lagostins de água doce. São uma presa muito importante em sistemas com abundante vegetação aquática (principal alimento de muitas das espécies de lagostim).

6. Outras presas. Algumas podem ser importantes localmente ou durante alguns períodos. Podem-se englobar aqui as seguintes: rãs, salamandras e insectos adultos ligados ao meio aquático, como é o caso das libélulas.

Além destes, outros animais podem também ser incluídos acidentalmente na dieta do achigã. As presas potencialmente predáveis pelo achigã (limitadas apenas pelo facto de poderem ou não entrar na sua boca), em particular para os grandes exemplares (com mais de 4 Kg de peso), podem ir dos patos jovens e galinhas de água aos ratos e pequenos mamíferos. Na realidade, qualquer coisa que mexa dentro de água com um ar vulnerável e com dimensões consumíveis pode ser comido. Isto é, no entanto, raro, pelo que a pesca consistente desta espécie deverá utilizar principalmente amostras que imitem as presas mais correntes.

Presas portuguesas

Das consumidas em sistemas americanos, algumas são comuns a Portugal, sendo mesmo dominantes na dieta do achigã no nosso país. É o caso da perca sol e do lagostim vermelho, exóticas americanas que se expandiram recentemente em Portugal com ênfase nas albufeiras do Sul. Estas duas espécies, ou espécies muito semelhantes, são presas típicas em albufeiras americanas. Podemos mesmo dizer, com alguma certeza e com base em trabalhos recentes realizados sobre a alimentação do achigã em Portugal, que as presas preferenciais e típicas do achigã em albufeiras do Sul de Portugal são a perca sol e o lagostim vermelho. As albufeiras do Centro (Castelo do Bode, Cabril, Aguieira) possuem estruturas ictiológicas diferentes das existentes em albufeiras do Sul e deverão apresentar alimentos preferidos diferentes. Peixes como as bogas e outros pequenos ciprinídeos deverão ser predados nesta área com alguma intensidade***, o que não acontece nas albufeiras alentejanas.

Utilização desta informação na escolha das amostras

A utilização de amostras imitando as presas preferidas em determinado sistema poderá ser uma boa estratégia a tomar no começo de uma pescaria. Das incontáveis amostras existentes no mercado, deverão escolher-se as que reproduzam os factores chave da atracção produzida pelas várias presas. Assim, e meramente a título exemplificativo, referem-se algumas amostras potencialmente utilizáveis (para algumas, infelizmente, não temos tradução portuguesa dos nomes originais).

Amostras imitativas do lagostim (forma e/ou movimento) - Jig e porco (ou outra combinação), alguns crankbaits, algumas amostras de plástico mole (minhocas, lagostins, grubs, tubejigs). Poder-se-ão utilizar amostras com as cores do lagostim vermelho (por exemplo o vermelho, o castanho, o preto, o cinzento, etc.).

Amostras imitativas de peixes (forma e/ou movimento) spinnerbaits, jerkbaits (exp. "Bomber Long A" e a "Rapala original"), "soft jerkbaits" (exp.Slug-go e o Pork-o), colheres de 'jiggin", "rat-l-trap" e outras amostras semelhantes, poppers e "slap-sticks", zara spooks". Em albufeiras alentejanas poder-se-ão utilizar amostras com cores semelhantes às da perca Sol (a combinação de cores denominada de "fire-tiger" é bastante aproximada) Em albufeiras mais a Norte, amostras com as cores das bogas e doutros ciprinídeos (cinzentos, castanhos, brancos, prateados, dourados) deverão produzir bons resultados.

Amostras imitativas de rãs e salamandras (forma e /ou movimento) - rãs de plástico e "lizards".

Além destas amostras, existem ainda muitas de eficiência comprovada e que dificilmente imitam qualquer presa em articular como por exemplo, os buzzbaits. No entanto, a fome não é a única razão que faz o achigã investir sobre uma amostra, existindo muitas outras que futuramente aqui serão abordadas.
_______________________________________ _
(*) a designação aplica-se a alguns peixes da família dos clupeídeos. Esta família engloba espécies de peixes bem conhecidas como a sardinha, o sável e a saboga. As espécies existentes no continente americano e a que aqui se fazem referência são espécies com algumas semelhanças com a savelha e saboga. Apresentam semelhanças na aparência e na alimentação. No entanto são bastante diferentes por conseguirem, as americanas, realizar todo o seu ciclo de vida em albufeiras ao contrário do sável e da savelha que são migradores.
(**) a família dos ciprinídeos engloba muitas espécies bem conhecidas dos pescadores portugueses como as carpas, barbos, bogas, escalos, entre outros.
(***) esta observação é realizada condicionalmente devido à inexistência de estudos detalhados sobre a estrutura ictiológica destas albufeiras, bem como de trabalhos sobre a dieta do Micropterus salmoides nesses sistemas.

Continua
Não tenho medo de morrer!
Tenho medo é de chegar ao céu e não ter espaço para pescar.
 
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