A locomoção dos peixes

[LMagina]

Já pensaram como os peixes se movem na água? Porque existem espécies que fazem mais força do que outras nas nossas canas?
Com este texto, tento responder a isso, tentando explicar os vários tipos de locomoção de peixes.

A locomoção dos peixes foi, durante muito tempo, uma intriga para o Homem. Apenas com o avanço da tecnologia e respectiva capacidade em registar imagens a alta velocidade, foi possível entender os diversos tipos de movimento. Conseguiu-se, portanto, provar, que existe uma relação entre a forma e função do peixe e o seu tipo de locomoção.
Tal como qualquer corpo em movimento, o peixe está sujeito a forças. O somatório destas forças dita o estado de movimento do peixe e quando o somatório destas é positivo, o peixe acelera (para a frente ou para trás). Quando é nulo, o peixe está parado ou em movimento uniforme. A capacidade de aceleração é, portanto, a chave para o seu tipo de locomoção.
As forças em questão, no caso dos peixes, são: a força ‘impulsionadora’ (gerada pelos movimentos natatórios) e a força ‘retardadora’ (forças de atrito). O relacionamento destas forças, faz com que algumas formas de corpo (e apêndices) sejam melhores que outras para aceleração, cruzeiro ou manobra. Existem poucos peixes ‘especialistas’ em cada uma destas funções, sendo que a quase totalidade das espécies são ‘generalistas’, tendo estas, portanto, um compromisso entre as três funções.
Após a compreensão do movimento dos peixes, e depois de estabelecidas as três funções de natação (aceleração, cruzeiro e manobra), foi possível estabelecer uma relação entre a forma do corpo do peixe e o seu modo de vida.
A forma do peixe e dos seus apêndices são resultado de uma evolução e adaptação ao meio, o que leva a um tipo de movimento corporal.
Podemos distinguir, então, dois tipos básicos de movimentos corporais: os movimentos ondulatórios e os movimentos oscilatórios.

Movimento ondulatório - O corpo e a barbatana caudal actuam como um todo; O maior contributo vem dos elementos caudais.
Este tipo de movimento, permite a chamada natação momentânea. Nesta, os movimentos são breves e têm grandes amplitudes  (função de aceleração) - arranques rápidos e viragens com energia. Quando o elemento propulsionador se move, desloca uma massa de água com volume semelhante a um cilindro com as dimensões do peixe. Como tal, os peixes que usam este tipo de natação, têm a proporção de massa muscular o mais alta possível. Por exemplo, o lúcio.
No entanto, dentro deste movimento ondulatório, ainda existe a chamada natação periódica. Nesta, os movimentos são ciclicamente repetidos e normalmente incluem vários batimentos da cauda. É uma natação de cruzeiro ou corrida  – a amplitude dos batimentos de cauda são pequenos. O maior exemplo deste tipo de natação é o atum.

Movimento oscilatório - A parte do corpo que proporciona a força move-se para trás e para a frente, girando à volta de uma base curta e oscilante. Aqui é possível observar as barbatanas tipo remo, que se movem para trás e para a frente alterando uma braçada motriz com uma braçada reestabelecedora. Existem, também, as  barbatanas tipo asas, que se movem de cima para baixo num plano quase perpendicular ao eixo do corpo do peixe. A força que fazem com os movimentos verticais é proporcional à área da barbatana. Como exemplo, temos o peixe-borboleta, especialista na função de manobra.

Existe, ainda, mais um tipo de natação: a natação anguiliforme, em que todo o corpo se movimenta para produzir a propulsão. Muitas vezes, existe uma única barbatana - junção da barbatana dorsal, anal e caudal, estendendo-se em volta da meia parte posterior do peixe (por exemplo a enguia, moreia ou safio). No entanto, o bacalhau e alguns tubarões também usam este tipo de natação.

Em suma e analisando o texto, podemos perceber que um peixe especialista em aceleração se torna mais difícil de pescar, devido aos seus arranques brutos. No entanto, um peixe especialista em cruzeiro, quando ganha velocidade, é difícil para-lo, dando aso a lutas fantásticas como no caso dos atuns. Os peixes especialistas em manobra, apesar de não fazerem grande força, são mestres em ensarilhar a linha...

Muito mais haveria ainda a dizer sobre a locomoção dos peixes, mas entrar-se-ia num capítulo demasiadamente científico e, como tal, maçador para a maior parte da comunidade. Como tal, fico-me por aqui.

Cump's

[Nelson Peres]

Interessante

[Josy]

Boas,

É o tipo de artigo verdadeiramente interessante onde se aprende alguma coisa, tem inegável mérito. 

Quanto aos atuns além da forma de locomação acresce dizer que é das espécies que mais energia possui na sua musculação, o que aliás é extensivel aos seus parentes afastados, sarrajão e mesmo á cavala nas devidas proporções.

Já foram verificados casos, em estudos efectaudos com recurso a aparelhos de geolocalização de atuns que num dia estavam junto á costa Americana e no dia seguinte andavam a alimentar-se de carapau negrão nos mares dos Açores.

Cumprimentos.

[LMagina]

Quanto aos atuns além da forma de locomação acresce dizer que é das espécies que mais energia possui na sua musculação, o que aliás é extensivel aos seus parentes afastados, sarrajão e mesmo á cavala nas devidas proporções.

Já foram verificados casos, em estudos efectaudos com recurso a aparelhos de geolocalização de atuns que num dia estavam junto á costa Americana e no dia seguinte andavam a alimentar-se de carapau negrão nos mares dos Açores.

Cumprimentos.

Obrigado, Josy!

Sim, é verdade que os atuns percorrem grandes distâncias e que possuem grande energia. Energia essa que, devido à constante natação, se transforma em calor. É possível identificar atuns através de satélite pelo calor produzido, no caso dessas grandes migrações. Nas águas atlânticas frias, os atuns chegam a gerar mais de 30ºC de temperatura.
E só para acrescentar, ele possuem um pedúnculo caudal (zona do corpo de um peixe onde se insere a barbatana caudal) bastante reduzido, que está relacionado com a força lateral e a redução da viscosidade. São autênticos "papa-milhas"!

Cump's

[Pedro Lourenço]

Como exemplo, temos o peixe-borboleta, especialista na função de manobra.


Cump's

Ja agora um belo foto dum amigo angolano.......

[Josy]

Boas,
Esse pareçe-me o peixe voador, pelo menos noutro dia num documentário o David Atennborough chamava-lhe o Flying Fish, foi bastante interessante, viu-se até forma da postura em objectos flutuantes, no caso uma palmeira que depois se afundava com o peso dos ovos.

Cumprimentos.

[LMagina]

Sim, esse do Pedro é um peixe-voador. Chamam-lhe assim por causa dos "saltos" que dá fora de água. São tão grandes que dá a sensação que voam.
Pedro: o peixe borboleta diz-se especialista em manobra, devido à sua maneira de nadar no meio dos corais em qualquer direcçao e são 'tipos' com este aspecto:

[Josy]

Boas,

Bem ....saltitos é forma de expressão, no documentário desceram um semi-rigido da embarcação principal para a filmagem às tantas começaram a passar a planar por cima dele com uma tal frequência que tiveram que proteger o rosto porque já estavam fartos de levar com peixe nas Trom... 

Cumprimentos.

[LMagina]

Bem ....saltitos é forma de expressão, no documentário desceram um semi-rigido da embarcação principal para a filmagem às tantas começaram a passar a planar por cima dele com uma tal frequência que tiveram que proteger o rosto porque já estavam fartos de levar com peixe nas Trom...    

Muito bom!!!
Quando era miudo (15/16) anos, fui  a Cabo Verde num petroleiro. De manha, mal acordava, a primeira coisa que fazia (depois da ida ao WC) era ir para o convés safar os peixes-voador que ainda estavam vivos. Depois tratava dos mortos... E eram mesmo muitos!!!!! Diga-se que o petroleiro, na ida, ia carregado, por isso bastante baixo. Ok, sempre mais alto que um semi-rígido! LOL Na vinda, os peixes-voador batiam no casco, mas já não "voavam" suficientemente alto para ficar no convés.

Cump's

[ffgsoares]

 É um belo artigo para elucidar quem goste dessa vertente (o porquê das coisas e ou ações...) é sempre interessante ter a noção dos porquês, muito bom !

 Aquela imagem que o Pedro colocou está linda pela habilidade e sorte do fotógrafo mas, demostra mesmo como o peixe voador faz a sua sustentação ao longo do voo, a barbatana caudal vai sempre com a ponta na água e em movimento e as barbatanas laterais sustentam o voo, vi esse artigo á pouco tempo na TV.

 Bom Ano Novo    

[joaonumberone]

interessante, se puderes coloca exemplos de espécies mais comuns cá na nossa costa!