Mesmo sabendo nadar em locais deste por vezes são sugados... Para não perdermos uns euros por vezes arriscamos a vida sem ter noção. Contra mim falo que já tive uma experiência negativa no rio que me ia custando a vida por causa de uma bola... Terrível. A cabeça não acompanha a decadência da forma física . Eu deixei de jogar há 3 anos e daí para cá muito raramente faço um desporto diferente da pesca. A minha cabeça age como se eu nunca tivesse parado de jogar, mantém a ambição, a confiança, a motivação. O corpo por sua vez ressente-se e dá de si. Não está preparado e tu apertas com ele como não o fazia há algum tempo....
Nesta situação, o vento pegou na bola da miuda e levou-a para entro de agua. De inicio estava logo ali a jeito e eu... deixa la ir buscar a bola. Comecei a nadar com tudo o que tinha, qual Michael Phelps, e a distância era sempre igual... Quando dei por mim as caimbras estavam a apertar... Parei, olhei para tras e assustei-me com a distância que tinha já nadado. Acreditem que num milésimo de segundo pensei em coisas que demoro hoje largos minutos a pensar.... 2 ou 3 pessoas a prestar atenção ao que eu estava a fazer mas em terra, sem tempo para ajudar, olhei ao redor á procura de barcos ou motas de agua para pedir ajuda e nada !!! Nem um...
Passou-me pela cabeça que ia ficar ali...a miúda a assistir... olhei para a bola e sabia que era a minha única solução e apesar das dificuldades iria dar tudo o que tinha para chegar a ela, depois já me serviria de boiá e podia descansar.... Fiz-me á bola, o vento levava-a mas dei tudo o que tinha, joguei-lhe a mão mas foi insuficiente... o toque aumentou uns milímetros mais a distância. Tentando controlar sempre o sistema nervoso, não perdi tempo e perante as dificuldades tinha ainda uma restia de força e já sem acreditar cheguei á bola.
Acreditem que isto foi literalmente assim...a mentalidade ajudou-me a sobreviver. Acreditar que é possível devolveu-me a vida. Agarrei-me á bola e não me mexi mais....descansei um pouco, controlei os nervos a respiração. A maré estava contra e naturalmente aproveitei para nadar a seu favor na diagonal... Vim devagar, não me lembro o tempo que levei... Quando cheguei a terra firme o meu corpo tremia cada vez mais.... deitei-me na toalha e fui deixando de ver !! Demasiado cansado, talvez em choque... Lembro dizer a minha filha que estava-me a sentir mal e que se eu perdesse a consciência que pedisse ajuda a alguem.... Não foi preciso, felizmente. Ao fim de meia hora já estava recomposto e como estava a pesca ainda apanhei uma boa dourada.
Esta é mais uma história que acabou bem mas muitas outras iguais ou do tipo acabaram tragicamente. Tenho a certeza que nunca mais vou cometer um erro destes nem parecido. Nada destas coisas futeis valem o risco e lembrem-se que não acontece só aos outros. Eu aprendi, espero manter-me fiel aos ensinamentos que a experiencia me deu !