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Autor Tópico: As cores influenciam os peixes?  (Lida 6268 vezes)

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Offline LMagina

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As cores influenciam os peixes?
« em: 02:17 Domingo, 19 de Janeiro de 2014 »
Boas!

Muitos pescadores têm uma colecção infindável de amostras e chumbeiras com as mais variadas cores. Mas será que estas cores fazem realmente diferença para os peixes?
A resposta a esta pergunta pode ser surpreendente, porque no final, o mais importante não é tanto o que o peixe pode ver (embora possa desempenhar um papel importante), mas acima de tudo, como as cores aparecem no mundo subaquático, o que é uma variável totalmente dependente de uma série de critérios em constante mudança.

Os olhos dos peixes
A maioria das espécies de peixes possuem nos seus olhos características semelhantes às dos olhos dos seres humanos. A retina contém, tal como no Homem, uma camada com dois tipos de células: cones e bastonetes. Os cones permitem ao peixe ver a cor e são as células usadas para a visão diurna. Na escuridão, funcionam os bastonetes, que não conseguem diferenciar cor, mas podem distinguir a intensidade da luz. São responsáveis pela visão a preto, branco e cinza. A quantidade de cada uma destas células (cones e bastonetes) depende dos hábitos alimentares do peixes. Normalmente, os peixes que se alimentam de dia têm mais cones que bastonetes (por exemplo o Lúcio) e os que se alimentam à noite têm mais bastonetes (por exemplo, o badejo).

A equação luz/cor
A cor de uma amostra, isco ou chumbeira é o resultado da cor da luz que o próprio objecto reflete. À medida que a luz (em comprimentos de onda) penetra a coluna de água, as cores passam a ser absorvidas à medida que aumenta a profundidade. Compreendendo o espectro da luz, o vermelho produz os maiores comprimentos de onda, seguido, por ordem decrescente, o laranja, amarelo, verde, azul e violeta. As cores com o comprimento de onda mais longo (vermelho) são absorvidas em primeiro lugar, o que significa que o matiz vai desaparecendo tornando-se gradualmente pretas (ou castanhas) muito mais rapidamente do que todas as outras cores. Assim, as cores quentes são as primeiras a desaparecer, enquanto que as cores frias mantêm o seu tom até profundidades maiores.
Segundo Keith Jones, em águas claras, a cor vermelha é a primeira a desaparecer totalmente entre os 0 e os 10 metros de profundidade. Já a luz azul, pode penetrar até bem abaixo dos 30 metros. No entanto, tudo muda se a água contiver partículas de algas flutuantes, microalgas ou sedimentos. As algas absorvem fortemente o azul, violeta e luzes vermelhas, deixando a água com uma tonalidade maioritariamente verde. Os sedimentos tendem a absorver fortemente todos os comprimentos de onda menos o vermelho, deixando a água com uma cor avermelhada ou acastanhada. Sob estas condições, na medida em que há menos luz disponível a qualquer profundidade, geralmente os espectros de luz disponíveis nestes dois casos, são dominados pela luz verde e vermelha, respectivamente. Obviamente, que se um peixe vê bem nestas condições, tem de ser sensível a estas cores, mesmo que a sua maior sensibilidade à cor esteja noutro lugar da faixa espectral.
A tabela seguinte mostra a visibilidade das quatro cores principais, em condições preestabelecidas, para ser possível uma melhor compreensão de como a reflexão da luz funciona. Como é possível verficar, o vermelho perde o seu brilho de forma extremamente rápida em comparação com as outras cores.

3m6m9m
Vermelho6.5%0.4%0.25%
Laranja50%25%12%
Amarelo73%53%40%
Verde88%78%69%

A intensidade da luz também desempenha um papel crucial na forma como o peixe percebe a cor de uma amostra. Num dia de sol, a luz penetra muito mais fundo na coluna de água do que num dia com nuvens, dando às amostras coloridas uma gama maior de visibilidade em profundidades muito maiores. A amostras brilhantes, como as prateadas ou douradas, são menos eficazes quando o céu está encoberto, e podem-se tornar praticamente invisíveis, na ausência de sol, mesmo em água limpa. A razão para isto, é que estas reflectem a cor cinzenta (ou dourada) que as rodeia, em vez dos raios luminosos do sol. Portanto, na ausência de sol, as cores escuras funcionam muitas vezes melhor, dando à amostra maior contraste, revelando, assim, a sua silhueta.
Ter em atenção que quando o sol se põe, as cores com os maiores comprimentos de onda, começando com o vermelho, irão desaparecer mais rapidamente. Por outro lado, quando o sol nascer, o azul e o verde serão as primeiras cores que um peixe conseguirá ver, sendo o vermelho a última.

Claridade da água
A claridade da água desempenha um papel importante na forma como a cor da amostra é vista pelos peixes. Em água tapada uma amostra vermelha poderá só ser visível a uma profundidade de 30cm, enquanto que, a mesma amostra, em águas cristalinas, poderá apresentar um espectro de visibilidade muito maior. No caso da pesca em águas muito claras, as amostras de cores quentes irão ficar mais fiéis à sua forma e ser visíveis a uma maior profundidade, o que pode dar ao pescador um excelente ponto de partida para decidir o que usar.

O Contraste
A capacidade de um peixe para ver uma iscada ou amostra tem muito a ver com a cor de fundo. Se se utilizar, por exemplo, uma amostra de cor verde em sítios com vegetação densa, ou em água com muitas algas (ou microalgas), embora possa parecer natural, muito dificilmente o peixe conseguirá detectá-la. Mais frequentemente do que imaginamos, conseguimos camuflar as nossas iscadas ou amostras sem saber. O fundamental é saber escolher um isco ou amostra que contraste com o fundo de onde se está a pescar. Amostras ou iscadas de duas cores são uma excelente escolha quando confrontados com este dilema.
Os robalos são funcionalmente mais sensíveis a cores nas gamas do vermelho-laranja e verde-amarelo. No entanto, isto não quer dizer que cores como preto, branco ou azul que são percebidos como cinza, são ineficazes, uma vez que, por vezes, essas cores contrastam melhor no contexto prevalecente, do que cores para as quais o robalo é mais sensível. Por exemplo, num sítio com sedimento avermelhado , embora a cor dominante seja o vermelho e o robalo seja sensível ao vermelho - laranja, uma amostra com um padrão vermelho acastanhado seria difícil para o peixe para ver. Uma amostra preta, por outro lado, daria um muito melhor contraste e seria mais facilmente detectada.

Relação presa-predador
Os peixes estão normalmente "programados" para reconhecer a forma do corpo/silhueta e a cor das suas presas. Portanto, utilizam a visão para o reconhecimento de padrões visuais específicos. Ao crescer, um peixe acumula gradualmente imagens mentais distintas de objectos que são importantes para a sua sobrevivência. Cores, ou melhor, padrões de cores, desempenham um grande papel em formar essas imagens mentais, ajudando a separar uma imagem de outra. Isso é importante quando se trata de distinguir uma espécie de presa de outra ou evitar predadores específicos, uma vez que a resposta comportamental adequada é altamente dependente do que a presa ou predador é. Por exemplo, nos casos em que os peixes se alimentam de uma forma mais selectiva , o peixe procura uma presa específica, ou seja, procura um padrão visual específico. Neste caso, a dificuldade, na pesca, está em dar ao peixe exactamente o que ele procura.

Em suma, peixes como o robalo atacam sobretudo as suas presas, instigados por um comportamento instintivo em resultado de um ou mais estímulos. Estes estímulos incluem: movimento; forma; som; contraste, odor; cor; apresentação e outras coisas que são ainda desconhecidas. Os iscos ou as amostras artificiais mais eficazes naturalmente incluem estes ou alguns destes estímulos. A par disto, outras variáveis devem ser equacionadas, como: a hora do dia, ou da noite; a maré; a dinâmica do biótopo; a fase lunar; a experiência do pescador; a adequação do equipamento; o conhecimento dos spots e a sua interpretação, etc…

Fontes:
"Does Color Make A Difference To Fish?" By Justin Hoffman
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Obrigado pela leitura.

Cumprimentos,
LMagina
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Offline Josy

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #1 em: 05:02 Domingo, 19 de Janeiro de 2014 »
Boas,

Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre
Boas!

mas acima de tudo, como as cores aparecem no mundo subaquático, o que é uma variável totalmente dependente de uma série de critérios em constante mudança.


Esta é a parte com que eu me congratulo, ainda bem que assim é.

Não discuto a parte a parte científica da variação da visibilidade das cores com a profundidade.

A questão é se os peixes a visualizam assim.

O artigo é interessante sem dúvida mas, na minha modesta opinião , não credivel  nas conclusões a que chega no que se refere à sugestão de cores para as amostras.
Relativamente a esta parte, confrontando-o com a prática de pesca tem coisas bastante verosímeis e outras que não se verificam de todo, pelo contrário contradizem-no.

Alguns dos principios são também muito questionáveis.

Relativamente por exemplo a um fundo com sedimentos ou a um fundo com flora  tem que se atender a se a amostra está a uma profundidade inferior à do peixe ou se pelo contrário está a uma profundidade superior á do peixe.
Para quem visiona, os gradientes de absorção versus refracção num caso e noutro não são de todo os mesmos.... eis como, assim de repente, a jogada fica toda baralhada.

Embora partindo de bases cientificas a questão, a meu ver, não é tão simples assim, faltarão ainda muitos dados nessa equação, sendo que os principais terão que ver com a falta de conhecimento dos orgãos de visão de cada espécie. Nesse campo a extrapolação que faz é totalmente desajustada.

O silogismo implicito é;

A maioria dos olhos dos peixes têm cones logo a maioria dos peixes veem e percepcionam as cores tal e qual como nós.

Convinhamos que uma teoria cientifica baseada apenas nisto caía no ridiculo.

"Os cones permitem ver a cor" ,mas de que forma? Onde é que está cientificamente provado que a veem e sobretudo a percepcionam como nós?
O que ainda assim seria válido para a espécie ou subespécie em estudo.

É apenas a minha opinião por isso relativamente á sugestão de amostras voto pela abstenção.

No entanto acho a inserção do artigo uma excelente ideia. :fixe:

Cumprimentos.
 

Offline Nelson Peres

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #2 em: 10:21 Domingo, 19 de Janeiro de 2014 »
Obrigado pela partilha :fixe:
Nelson Peres
 

Offline canivete

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #3 em: 11:34 Domingo, 19 de Janeiro de 2014 »
Vamos lá dar a minha opinião,durante alguns anos fiz spining em aguas interiores,90% com vinis,alguns dos quais eram quase religiosamente obrigatório fazer parte do equipamento pela sua produtividade de capturas.
Havia situações que nem sequer saíam da bolsa,não eram propicios a determnados tipos de aguas.
Vamos imaginar uma herdade que tenha duas albufeiras,situadas uma em cada extremo da propriedade,e com solos diferntes,uma em terreno de areia com boa luz solar,propicia aá criação de plantas aquáticas e aguas transparentes,a outra em terreno de barro,que pode acastanhado ou branco dando uma cor leitosa ás aguas,devido á opacidade destas aguas a penetração da luz solar é menor o fundo passa mais por detritos em vez de fora aquática.
Serão rentaveis as mesmas amostras? não.
cores frias aguas claras,cores quentes aguas escuras



cumpts



Manuel Matos

 



 

Offline Ricardo Teixeira

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #4 em: 15:57 Domingo, 19 de Janeiro de 2014 »
espetaculo
esta muito bom
 

Offline kalvas

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #5 em: 16:40 Domingo, 19 de Janeiro de 2014 »
Amigo LMagina mais um grande artigo.
Bem haja pela partilha comnosco.

Um abraço.
Trabalhador por obrigação ; pescador por gosto.
 

Offline fukuy

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #6 em: 18:10 Domingo, 19 de Janeiro de 2014 »
Sempre a aprender!  :) Obrigado pela partilha
 

Offline De La Hoya

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #7 em: 16:46 Segunda, 20 de Janeiro de 2014 »
Luis...muito bem, estas a sair me melhor que a encomenda...ve la se preparas mas és a canas que eu estou quase quase a ir pescar :)
“Deus ao mar o perigo e o abismo deu,mas nele é que espelhou o céu” - (Fernando Pessoa)
 

Offline LMagina

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #8 em: 12:26 Terça, 21 de Janeiro de 2014 »
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A maioria dos olhos dos peixes têm cones logo a maioria dos peixes veem e percepcionam as cores tal e qual como nós.

Convinhamos que uma teoria cientifica baseada apenas nisto caía no ridiculo.

"Os cones permitem ver a cor" ,mas de que forma? Onde é que está cientificamente provado que a veem e sobretudo a percepcionam como nós?
O que ainda assim seria válido para a espécie ou subespécie em estudo.

Caro Josy,
em nenhum sítio disse que os peixes conseguem ver as cores tal e qual como nós. Aliás, sabe-se que efectivamente não a vêm!
Em relação aos cones, foi simplesmente para simplificar e reduzir, ao máximo, a gíria científica.
A par de todas as espécies animais das quais que se conhece o reconhecimento de cor (ou não), são feitos estudos comportamentais.
No entanto, para ser possível visão a cores, a retina, no fundo do olho, tem de ter detectores de cor, os chamadas cones, e estes têm que estar ligados ao cérebro através do sistema nervoso, para este fazer uso das informações que recebe. Nos nossos olhos, temos três tipos de cones (vermelhos, verdes e azuis) que fazem a visão de cores possível. Nos peixes, por exemplo no peixe-dourado, existem quatro tipos de cones: vermelho, verde, azul e ultravioleta. Existem outros peixes com diferentes números e tipos de cones, o que significa que eles têm a capacidade de ver cores. Como encontrar cones no olho não significa que um animal tenha a visão de cores, é necessário testá-lo, como disse mais acima, comportamentalmente para ver se ele pode distinguir uma cor da outra.  Isto poderá ser feito desta maneira (como já foi para algumas espécies): configura-se um tanque com duas janelas numa das extremidade cuja cor possa ser alterada. Começa-se por uma janela cinza, que significa não ter cor, e outra vermelha. Sempre que o peixe for até a janela vermelha, dá-se-lhe um pouco de comida. A seguir altera-se o brilho das janelas cinzentas e vermelhas para se certificar de que o peixe está treinado para essa única cor. Assim que o peixe aprende a associar vermelho com comida, começa-se a substituir o cinza com outras cores e a ver se o peixe só vai para o vermelho. Isto tem de ser repetido para várias (muitas) combinações diferentes de cores. Se o peixe se manteve fiel à cor para a qual foi treinado, pode-se afirmar que tem visão de cores. Até agora, este tipo de teste só foi feito para algumas espécies. No entanto, à medida que forem estudadas mais espécies de peixes, a ideia que se tem é que a visão de cores é efectivamente muito comum.

Mais deixo aqui alguns artigos científicos onde está provada a visão a cores dos peixes e como funciona:
(apenas se tem acesso ao resumo, mas se alguém estiver interessado, posso fornecer os artigos completos)
Role of the telencephalon in color vision of fish - Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre
Color Vision and Color Communication in Reef Fish - Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre
Behavioral Assessment of the Visual Capabilities of Fish - Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre
Physiological Optics in Fishes - Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre
Color vision and retinal chromatic information processing in teleost: A review - Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre
Spectral sensitivity and color vision of fish as indicated by S-potential - Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre

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LMagina
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Offline NelsonVeloso

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #9 em: 16:09 Terça, 21 de Janeiro de 2014 »
Mais um grande artigo para por os neurónios a funcionar  :)
 

Offline LMagina

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #10 em: 12:11 Quarta, 22 de Janeiro de 2014 »
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ve la se preparas mas és a canas que eu estou quase quase a ir pescar

Estão sempre prontas!!! :) Anda lá que já não pescas há tanto tempo que já nem deves saber empatar um anzol! hahahah
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Offline Josy

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #11 em: 01:58 Domingo, 26 de Janeiro de 2014 »
Boas,

Já tinha lido pelo menos um estudo que mencionava o teste das janelas e talvez mais umas dezenas de outros sobre a visão dos peixes. Uns deles foram no siencedirect mas, como gosto de diversificar as fontes, outros foram de variados sites. Fazem parte do tipo de artigos venho lendo ao longo dos anos, copiado e arquivado com alguma frequência.

O assunto é muito vasto e analítico, tendo que ser sintético, vou apenas dar a minha opinião, tão válida como qualquer outra, sobre a relação entre ele e a escolha das amostras, considerando o que sei sobre estado actual do conhecimento cientifico nesta área.

Ainda que se tivesse um conhecimento profundo e objectivo da visão de determinada espécie, para a prática da pesca com amostras este seria apenas um factor a considerar uma vez que essa visão muda conforme a situação concreta.

Por similitude estudando os olhos de algumas espécies inferiram que estes, possuindo certas características comuns e conhecidas, haveriam de cumprir determinadas funções. Dai partiu-se para a experimentação, é ai que o caso ainda se complica pois, se a captação das imagens se dá ao nível dos olhos a sua percepção já não, estando a questão relacionada com o sistema nervoso central, o tipo de conexão entre as várias células nervosas, etc..
Por exemplo pode dizer-se que determinada espécie distingue o vermelho do cinzento, mas não se ela vê quer um quer outro como nós os vemos., ou seja se para ela o vermelho é o nosso vermelho.

Entre vários artigos tenho em memória um que dava como exemplo estarmos virados para o sol a tentar visionar um objecto afirmando que a nossa percepção do mesmo é muito alterada.
Haveriam muitos outros factores a considerar, como sejam os relacionados com o próprio pesqueiro, meteorológicos, relativos ao estado do mar ao comportamento próprio de determinada espécie segundo a época do ano bem como de outras espécies existentes no pesqueiro etc.., para se poderem obter ilações sobre a cor da amostra, para já não falar do seu tipo ou formato.

Em prática de pesca cada um vai fazendo as suas próprias experiências segundo um número de variáveis que considera significativas como sejam as condições meteorológicas, as da água, os diferentes pesqueiros e chegando ás suas própria conclusões. Sou levado a crer que nada substitui isso.

Ainda assim, se a ciência pudesse simular essas condições englobando todos os factores envolventes para a espécie eleita estou em crer que, na maioria dos casos, para aqueles mais experientes (com mais horas de pesca dessa espécie) ou mais perspicazes e sistemáticos a ciência apenas viria confirmar grande parte do que já suspeitavam.

Se fosse uma questão em que tivesse que apostar, apostava nisso.

Cumprimentos.
 

Offline Ernesto Lima

Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #12 em: 00:13 Terça, 25 de Fevereiro de 2014 »
Boa noite a todos.

Antes de mais, espero que não haja problema de ressuscitar este tópico.

O assunto é para mim extremamente interessante, tendo já lido bastante, perguntado, debatido e tentado experimentar sobre o mesmo e saúdo o LMagina por o ter colocado, atendendo a que doutra forma não estaríamos a discuti-lo.

Não discordo de nenhum dos intervenientes considerando, quer os fundamentos científicos iniciais, quer o que foi contraposto. Isto porque, se por um lado a fundamentação científica do LMagina me parece suportada, as fundamentações do Josy, não me parecem menos.

O peixe de facto alguma coisa verá, assim como se sabe que cheira e se sabe também que sente o movimento, sendo que existem algumas teses que defendem uma certa tendência a responder ao estímulo mais forte - visão, cheiro ou movimento - conforme tais lhe apareçam.

Adicionando a este conjunto de variáveis, a cor da água face à claridade, suspensão e profundidade a que se encontra, ao local onde a amostra cai, perto ou mais longe do peixe (acima, abaixo, frente, lado ou trás), o movimento que se imprime à amostra, a distância a que se encontra do peixe, se cai perto ou no meio de um cardume que o peixe está a atacar, até à fome que terá e mais um sem número de outras condicionantes, a nossa capacidade de analisar ficará ainda mais depauperada, não querendo com tal dizer que não devemos por isso continuar a ler e raciocinar sobre o assunto.

Outras variáveis, por mim observadas que acho importantes:

Em tempos, para além de Caça sub, fiz mergulho com garrafa e costumávamos mergulhar no Algarve, num barco afundado, no meio da areia, a 30 metros de profundidade, conhecido, se não me engano, como a "barca das 19", +/- ali a uma 3 milhas para fora, entre a Praia da Ingrina e a Praia do Martinhal.

O barco, um cargueiro de carvão, afundado durante a II Guerra Mundial, era um autêntico viveiro de peixe.
Eram mergulhos espectaculares, onde se viam Corvinas, Pargos, Lagostas, Congros..., uma delícia.

Acontece que num desses mergulhos, após fundearmos o barco, verificámos que a água estava bastante suja, verdosa até!

Agarrámo-nos ao cabo do barco e fomos descendo perto uns dos outros para não nos perdermos de vista, pois não se via nada para além dos 2/3 metros.
De repente, perto dos 15 metros, parecia que tínhamos saído de uma catacumba para a luz de um dia relativamente encoberto mas cheio de visibilidade... era impressionante... o barco tinha para aí uns 100 metros ou mais e a 15 metros do fundo via-se quase tudo, sendo que em simultâneo a temperatura da água baixou para níveis que não me lembro de ter experimentado e peixe... nem vê-lo, à excepção de uns peixes piça e umas Ganopas muito pouco activos, nem os Congros estavam em buracos conhecidos de outros mergulhos. Um autêntico deserto.

Resultado... quando vou pescar à zagaia, na hora de escolher as amostras, lembro-me disto invariavelmente, pensando que talvez não seja a cor da água que vejo, aquela que me vai definir a amostra a usar!?

Por tal e considerando o que por aqui já se disse, costumo escolher o local para derivar em função das características de fundo, conjugado ou não com a presença de comedia. Depois escolho uma amostra parecida com os peixes "forragem" que penso poderem andar por ali - formatos e cores de Cavala, Carapau, Peixe Piça..., em diversos tamanhos; a seguir bato o sítio várias vezes e, se não der, começo a usar amostras do tipo: "as últimas que a meus olhos algum peixe se atiraria", animando-as diversa e insistentemente.

Por vezes capturo, outras nem tanto e claro que há todo um conjunto de outros locais para bater caso a coisa não funcione neste primeiro pesqueiro.

Uma coisa que evito, embora tenha as minhas preferências, é achar que só esta ou aquela amostra com estas ou aquelas condições, são as únicas que capturam.

Resumindo face ao que para aqui escrevi, penso que atendendo ao que desconheço, o melhor mesmo é estabelecer um processo dinâmico em acção de pesca, e... "trabalhar", olhar os resultados, tentar perceber os erros em função destes últimos, emendá-los na próxima vez, ou, se nem conseguir perceber onde errei, variar e insistir sempre na tentativa de melhorar o processo e sempre de olho no que a ciência me pode dar. Na verdade tudo o que nos acontece, não é por acaso e terá uma explicação científica. Não a conhecendo vai tentativa e erro para a frente.

Verdade também que não sei se será bom conseguirmos ter "certezas"!? Pessoalmente prefiro não as ter, por duas razões:

1. Coitado do peixe e coitados de nós
2. Estas conversas perdiam-se e até talvez se arranjassem outras... mas não era a mesma coisa.

Mas uma coisa é certa, é bom estar no processo de tentar encontrá-las... as "certezas".

Boa noite

Cumprimentos 
Quanto mais pesco... mais sinto necessidade de aprender sobre a pesca.
 

Offline Nelson Peres

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #13 em: 12:51 Terça, 25 de Fevereiro de 2014 »
Ponto de vista muito, muito interessante :fixe:
Nelson Peres
 

Offline Braga

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #14 em: 13:29 Terça, 25 de Fevereiro de 2014 »
Boas

Mais um tópico 5 estrelas, com muitas e boas intervenções.

Relativamente ao opinar sobre o assunto, apenas me apraz dizer, mesmo que nada seja baseado em dados científicos, somente nas vertentes da pesca que pratico, não tenho dúvidas que o olfacto, a parte sensorial e a visão das cores, sendo que esta última, tem alguma relação com determinadas capturas de determinadas espécies.

Fiquem bem.

Braga
Comunguem deste ideal e divirtam-se neste Pesqueiro.
F. Braga
 

Offline grande peixe

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #15 em: 13:56 Terça, 25 de Fevereiro de 2014 »
o tópico está realmente excelente, mas não consigo deixar de ficar em pulgas por ver o Ernesto Lima por estas lides... é off-topic mas este homem merece!
 

Offline LMagina

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #16 em: 15:24 Terça, 25 de Fevereiro de 2014 »
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Em tempos, para além de Caça sub, fiz mergulho com garrafa e costumávamos mergulhar no Algarve, num barco afundado, no meio da areia, a 30 metros de profundidade, conhecido, se não me engano, como a "barca das 19", +/- ali a uma 3 milhas para fora, entre a Praia da Ingrina e a Praia do Martinhal.


Também já fiz uns mergulhos aí, mas conheci-o sempre por 'Torvore' ou por 'Vapor das 19'. A última vez que lá mergulhei foi em Março de 2008 e infelizmente a vida era pouca. Além das judias, poucos mais pelágicos havia, a não ser uns bodiões.  Havia era centenas e centenas de rascassos e algumas gorgónias.

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Resumindo face ao que para aqui escrevi, penso que atendendo ao que desconheço, o melhor mesmo é estabelecer um processo dinâmico em acção de pesca, e... "trabalhar", olhar os resultados, tentar perceber os erros em função destes últimos, emendá-los na próxima vez, ou, se nem conseguir perceber onde errei, variar e insistir sempre na tentativa de melhorar o processo e sempre de olho no que a ciência me pode dar. Na verdade tudo o que nos acontece, não é por acaso e terá uma explicação científica. Não a conhecendo vai tentativa e erro para a frente.

Não podia ser dito de melhor forma!!!  :aplau: :aplau: :aplau:


Cump's
Lembrem-se sempre: "Quem peixe procura, peixacha!"
 

Offline Ernesto Lima

Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #17 em: 15:58 Terça, 25 de Fevereiro de 2014 »
Viva LMagina

Tem razão!

Eu estava a escrever "barca das 19" e pensava para comigo que não era bem esse nome... na volta o malandro do "alemão" já me anda a atraiçoar  :huuum:

É de facto "Vapor das 19", sem dúvida. Ainda de lá trouxe um paralelepípedo de Carvão que acabou por se desfazer com o tempo.

Quanto ao comentário do "grande peixe", agradeço mas deixou-me a falar sózinho... muito porque, do que por aqui tenho lido em tópicos diversos, este é sem dúvida um local cheio de gente activa e merecedora. ;)

Cumprimentos

Ernesto
Quanto mais pesco... mais sinto necessidade de aprender sobre a pesca.
 

Offline grande peixe

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #18 em: 13:42 Quarta, 26 de Fevereiro de 2014 »
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Quanto ao comentário do "grande peixe", agradeço mas deixou-me a falar sózinho... muito porque, do que por aqui tenho lido em tópicos diversos, este é sem dúvida um local cheio de gente activa e merecedora. 


tens toda a razão! mas sou teu fã há muito tempo e ainda não me tinha apercebido que andavas por cá.
 

Offline Ernesto Lima

Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #19 em: 14:36 Quarta, 26 de Fevereiro de 2014 »
Viva Grande Peixe

Espero continuar a contribuir... obrigado

Abraço
Quanto mais pesco... mais sinto necessidade de aprender sobre a pesca.
 

Offline ffgsoares

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Re: As cores influenciam os peixes?
« Responder #20 em: 20:28 Quinta, 27 de Fevereiro de 2014 »

 Está um tópico de grande qualidade, excelente conversa e pontos de vista que ajudam muito boa gente a entender e ter em mente que do trabalho persistente e observação sai o sucesso de cada técnica.

 Muito bom  :fixe:
 

 

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