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Autor Tópico: O carangueijo pilado sua história e iscagem  (Lida 8167 vezes)

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Offline Braga

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O carangueijo pilado sua história e iscagem
« em: 23:36 Sexta, 03 de Janeiro de 2014 »
Boas.

Após a devida autorização do autor, António Simões, aqui fica este tópico copiado do Sítio.


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O carangueijo pilado sua história e iscagem

Considero este caranguejo, também chamado por patela, escasso ou mexoalho, o melhor isco de todos e porquê?

Desde tempos imemoriais, princípios do Século XIV, que a apanha deste caranguejo ao longo da costa Portuguesa entre a Nazaré e a foz do Rio Minho, mobilizou e alimentou populações na sua apanha e venda para fertilizantes orgânicos da terra. Comunidades piscatórias actuais foram fundadas, como a Aguda na apanha do pilado porque em dias de nortada rija os pescadores da Afurada e Espinho abeiravam a terra e aí permaneciam em palhotas até que o vento e o mar acalmassem.

A campanha começava no inicio do Verão e terminava no Outono.

O mar tingia-se dum amarelo acastanhado, as barcaças leiloavam na areia este frescum e pão do mar aos agricultores da região.

Com a entrada do meio do Século XX, do Nitrato do Chile, o primeiro adubo, industrializado, esta arte entrou em decadência até aos nossos dias.

Vitimas do excesso da apanha talvez, as nuvens de pilado hoje em dia são dispersas, o robalo e sargos perseguem-nos, estão aos milhares por vezes fixos nas laminarias (n/alga castanha) agarrados aos fundos e são um petisco, um manjar inesgotável, para o peixe. Está-lhes nos genes, o seu odor ao peixe é inconfundível, é uma das bases da sua alimentação.

O pilado, suas características: É um caranguejo que tem a capacidade de "voar" na água, devido ao último par de patas ter uma forma achatada, plana e arredondada no final.

Os robalos engordam no Verão com tamanha abundância de comida disponível suspensa na água ali mesmo à feição de abocanhar.

A sua vinda à costa no Verão tem dois motivos, o seu acasalamento, numa média de 60 % de machos e 40 % de fêmeas, é o alimento sustentado nos cardumes de sardinha aprisionadas nas redes de cerco, e de suspensão.

Aparece todo o ano, mas em quantidade e melhor qualidade para iscar é agora nos meses de Setembro, Outubro e Novembro, e porquê?

Como iscar e escolher o pilado: É o melhor isco de todos mas… por ser difícil a sua conservação fresco e vivo, só quem vive à beira-mar ou se dirija a casas especializadas na venda do mesmo é que consegue arranjar.

Morto o caranguejo, o seu recheio depressa fica negro, putrefacto, não serve para nada.

Escolher o pilado para Casting, ao tento, à chumbeirinha, à bóia ligeira: para fazer a chucha do pilado ou iscar o seu recheio directo só se escolhem as fêmeas. Estão ovadas cheinhas de ova amarela no seu casco, os machos não têm nada, só cartilagem e água.

Como fazer a sua iscada: Apanhando as fêmeas vivas, cortar-lhes logo as pinças, são terrivelmente dolorosas e sangrentas e dada a sua agilidade, não é difícil apanhar-nos distraídos...

Com uma tesoura de cortar peixe, apara-se o rebordo da carapaça. Seguidamente, com uma faca fina e muito afiada, levanta-se a mesma e rapa-se todo o seu recheio.

Para iscar lanços mais afastados devem fazer a tradicional chucha com meia de senhora, iscar com um anzol fino na borda da dobra onde cortaram a meia tendo o cuidado de não perfurarem a dita cuja com o bico do anzol.

Para lanços mais de perto, suaves, devem iscar directamente, pondo um bom bocado por cima do anzol e com linha elástica muito fina apertar um nadinha. Se andar peixe, é tiro e queda, a própria lavagem e o odor libertado pela ova, o peixe come em milésimas de segundo. Neste sistema directo mais de dois minutos na água é tempo a mais, o mar já lavou o miolo. Com a chucha, se não romper a meia no lanço, o miolo leva mais tempo a lavar, podem ficar uns minutos com a iscada dentro de água.

Neste sistema podem ir engodando com as carapaças o pesqueiro, e se levarem em excesso, podem-no triturar para engodagem.

Para pescarem à bóia com pilado vivo ao robalo, é indiferente se são fêmeas ou machos, apenas importa que se mexam no anzol, (devem mantê-los vivos no oxigenador). O anzol deve ser do tipo Aberdeenn, fino, para não matar o caranguejo e deve deixá-lo mover-se facilmente. Deve ser iscado pela carapaça de lado na ponta junto ao terceiro, quarto par de patas.

Caso pensem em fazer chuchas do mesmo para as guardarem no congelador para outros dias de pesca, não sou muito adepto disso, a chucha fica negra. Sou adepto do fresco apanhado, comprado na hora, guardado no frigorífico, com um pano húmido de água salgada, por cima e pescar durante a noite do mesmo dia.

Boas pescarias!

António Simões

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Braga
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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #1 em: 23:38 Sexta, 03 de Janeiro de 2014 »
Boas.

Continuação

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E continuando a sequencia de fotos , podem verificar qual o tipo de mar de inverno em que estas iscadas são eficazes. Mares barrentos , espumosos, onde o factor olfactivo do peixe seja extremamente importante na procura da sua sobrevivencia...

António Simões

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« Última modificação: 23:45 Sexta, 03 de Janeiro de 2014 por Braga »
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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #2 em: 23:44 Sexta, 03 de Janeiro de 2014 »
Boas.

Continuação.

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E por ultimo a iscada por onde o anzol deve entrar na meia de senhora. Não se preocupem que o peixe ao abrir a boca vai sugar a chucha e anzol,..Obviamente que estas iscadas na meia de senhora são boas para os robalos, os sargos de meio kg rasgam a meia e não abocanham o anzol. Só mesmo sargos á " Corrubedo" é que dá este sistema. Prefiro sempre o empate directo no anzol, dá para todo o tipo de peixes e tamanhos.

António Simões

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« Última modificação: 23:45 Sexta, 03 de Janeiro de 2014 por Braga »
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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #3 em: 23:50 Sexta, 03 de Janeiro de 2014 »
Boas.

Continuação, respostas dadas por António Simões.

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Felizmente, este nosso prazer de transmitir é por vezes mal interpretado por pessoas que não me conhecem. Há tempos um grande amigo meu dizia-me que a minha paixão arrebatadora, a forma como me exprimo e a total abertura por este "vicio"saudável, me trazia dissabores pela total exposição mediática . Eu perguntei-lhe porque raio não sendo eu nenhum
"experto" de matéria alguma, não sendo eu um caçador de robalos e troféus, porque cada vez pesco menos e me interrogo sempre que faço tanta grade, davam tanto valor ás fotos da galeria continua de capturas e termos sempre a convicção(aberrante) de emulação continua de diferenciar Mestres e pescadores, tomando como idolos as nossas projecções em algo real de um dia virmos a ser isto ou aquilo parecido, até "matar-mos" um dia aquele que idolatramos,suplantando-o.... , quando temos assuntos tão importantes para defender como a defesa das espécies, a formação dos jovens em escolas de pesca ludicas,, a luta contra esta famigerada portaria, a luta pelos defesos de reservas integrais, a luta pelo defeso da desova, a luta pela formação e educação dos pescadores em não poluir . .. Depois desta dissertação toda, entre dois copos e um pôr-do-sol fantástico que se deitava no horizonte, colocou-me o seu braço pelo hombro e disse-me algo como...-António, escreve bem , continua a escrever porque é o melhor que tu sabes fazer mesmo sendo um pescador como tantos outros, porque este é o teu vicio, e não consegues passar sem isso para seres feliz...
E é o que eu vou continuar a fazer, porque há aqui tanta gente boa, um grupo de Amigos fabuloso que não merecem a minha atitude de não deixar de partilhar.

Um boa ideia enquanto o mar não deixa pescar é irem vêr o filme" O cobarde que matou Jess James" e depois relaxarem no sitio do pescador a seguir....Um bom fim de tarde para todos.

Abraço
António Simões

Fiquem bem.

Braga
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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #4 em: 23:53 Sexta, 03 de Janeiro de 2014 »
Boas.

Continuação - resposta

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Olá, viva,

Embora já não pesque ao fundo ou raramente, é um tema sempre presente e atual.

Depois de colocar na meia o miolo, rode as folgas apertando ao máximo, e depois aperte com linha de elástico. A seguir corte com a tesoura rente ao nó elastico de aperto.

O anzol deve passar por dentro da zona onde deu o nó, para ao lançar não rasgue a meia e se solte o miolo facilmente.

O ideal ,para mim são os aberdeen porque são finos, mas pode-se usar qualquer anzol, embora quanto mais grosso mais existem possibilidades de rutura. Os tamanhos diferem, mas os robalos tem boca grande e cabe lá qualquer anzol, já não me lembro do numero que
usava 

Boa pesca e ..divirta-se!

Cumprimentos
António Simões

Fiquem bem.

Braga
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Offline tiagopacheco

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #5 em: 10:50 Sábado, 04 de Janeiro de 2014 »
Muito Interessante Braga.. Obrigado!
 

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #6 em: 10:56 Sábado, 04 de Janeiro de 2014 »
Boas.

Não está autorizado a ver ligações. Registe-se ou Entre
Muito Interessante Braga.. Obrigado!


Ó Tiago recebo os agradecimentos em nome do António Simões e num próximo contacto com ele tentarei não me esquecer e transmitir-lhe os mesmos.

Fica bem.

Braga
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Offline FilipePC

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #7 em: 18:26 Sábado, 04 de Janeiro de 2014 »
Grande post.
Homem Livre, gostaras sempre do mar...
 

Offline Nelson Peres

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #8 em: 20:52 Sábado, 04 de Janeiro de 2014 »
Em 5 minutos já me deliciei com 2 post do mesmo autor. Muito bom :aplau:
Nelson Peres
 

Offline Mário Leão

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #9 em: 22:01 Sábado, 04 de Janeiro de 2014 »
Por vezes, nas embarcadas em Peniche vemos montes de pilados, nunca tinha lido nada sobre a importância que no passado tiveram na economia local de algumas zonas de Portugal. Bom post.
 

Offline Josy

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #10 em: 01:33 Domingo, 05 de Janeiro de 2014 »
Boas,
Obrigado, achei o artigo muitissimo interessante mesmo.

Cumprimentos.
 

Offline Braga

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #11 em: 22:03 Segunda, 03 de Fevereiro de 2014 »
Boas

Agradeço mais uma vez em nome do autor.

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Offline Ricardo Teixeira

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #12 em: 22:21 Segunda, 03 de Fevereiro de 2014 »
Muito bom, grande post sobre o belo do pilado
 

Offline ffgsoares

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #13 em: 23:31 Segunda, 10 de Fevereiro de 2014 »

 É uma bela aprendizagem ler este artigo tão interessante sobre o pilado, está muito bom e ensina as várias possibilidades de iscar bem como o facto de o usar exclusivamente vivo por se degradar rapidamente após a morte.

 Tá porreiro  :fixe:
 

Offline Braga

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Re: O carangueijo pilado sua história e iscagem
« Responder #14 em: 00:56 Terça, 11 de Fevereiro de 2014 »
Boas

Os meus agradecimentos em nome do autor.

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