Ano atípico este até ao momento, em termos de clima. O que conjuntamente com outros afazeres me tem empedido de ir pescar. Quando há tempo, o tempo não deixa, quando o tempo dá tréguas, não tenho tempo. Sorte malvada a minha. Mas por estes dias verifiquei que iria estar um nascer do sol favorável com a maré vazia e que mesmo a sair tarde do trabalho daria para dar um salto ao mar. Praia desarmada teria de fazer um pouco de alpinismo, ainda por cima, ainda de noite. 05.30h e eu a chegar ao pesqueiro, nem viva alma. A lua ainda bem grande por ima da minha cabeça e as nuvens esperadas que teimavam em não aparecer, não começa de feição, mas bem aí vai a limão para dentro de água. As condições eram as ideais para ela, mas a cor da água causava-me alguma disconfiança. Troca de ferramenta, uma toda branca sem tanta cor berrante, nada. Começa o nascer do sol, a tal hora mágica, como lhe chamam e de peixe nem escama. A esta hora já tinha companhia de mais três companheiros que pelas imediações também tentavam a sorte. A água estava muito aberta, reparo numa espumada grande ao longo de um balcão e meto a cor de rosa, nada, troco para a branca de cabeça vermelha e ao segundo lance záásss o tão esperado ataque, uma boa luta e peixe a seco. De novo na faina, mas nada nem mais um toque, cada vez mais claro o dia, mudo para a tainha, agora já com o céu carregado de nuvens, mas nem toque. Volto a trocar de amostra, uma cor mais natural penso eu, mas está mesmo bom para a tainha, lembro de uma amostra que tenho nessa cor, mas de tamanho mais pequeno. Lanço uma e outra vez, mas sem resultados. Volto ao local onde ferrei o peixe e de repente zzzzzzz aí tenho outro na ponta da linha, peixe a seco, e depois de dois ou três lances zzzzz, de novo outro com vontade de comer. A maré já estava na sua conta mais baixa e as nuvens tinham desaparecido. Uma longa caminhada até ao carro, mas bastante satisfeito por finalmente ter tido tempo para pescar e ainda por cima ma com resultados.
