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Autor Tópico: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT  (Lida 2756 vezes)

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Offline Cesar Dias

Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #15 em: 09:48 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Bom dia a todos.

Ainda não tive hipotese de ler todo o documento, mas quando vi os valores indicados logo no início... caiu-me o queixo (8.650 toneladas  :o)!
Tive que saltar muitas páginas para conseguir obter o número de licenças tiradas (+/- 190.000)!
Bolas, que isto dá cerca de 45Kg/Ano por pescador! O que me pareceu um tanto ou quanto estranho!

Voltei a "rebobinar" o documento até a forma como foi feita a amostragem!
Talvez esteja aí a origem destes valores de pescado!
Não me parece que a amostragem represente de forma minimamente aproximada a realidade!
Os 27.000 questionários, não representam 27.000 pescadores. Muitos terão respondido aos vários inqueritos (licença emitida nos ultimos 12 meses, em cada estação do ano e eventos de pesca).
Notar ainda que do total de inquéritos iniciados, apenas 20% foram totalmente respondidos, o que poderá indiciar que os restantes 80% poderão conter dados incorretos!
E pelos valores obtidos, apenas parecem ter respondido os pescadore excepcionais, pois e segundo o documento 61% dos pescadores, pesca até 30 dias por ano e, ainda assim tira do mar umas valentes dezenas de Kg de pescado por ano!
Não é a realidade que, pelo menos eu conheço!

Mais à frente, volta-me a cair o queixo!
Somos responsáveis por 80% do total de dourada pescada, 77% do sargo e 70% do robalo!!!!
De onde vem toda aquela dourada selvagem que encontramos nos hipermercados e peixaria?
De onde vem todo aquele sargo? Não tenho conhecimento que haja aquacultura de sargo!
De onde vem todo aquele robalo selvagem?

A amostragem feita, pode ser fonte de dados para caracterizar alguns parâmetros da pesca lúdica, tais como locais frequentados, tipo de pesca e pouco mais.
Para estimar quantidade de peixe pescado, não me parece!

Não quero com isto dizer que não temos a nossa parte de capturas e  alguma contribuição para redução na população de peixe, mas os valores apresentados... são no mínimo estranhos!

É necessário tomar medidas para controlar o declinio de populações de algumas especies?
Quanto a isso, peso que estamos todos de acordo! Mas que sejam medidas que realmente contribuam de facto para isso!
Proibição a uma parte dos pescadores e permitir outra parte, não é defeso nenhum, é apenas estupidez.

Tomando como exemplo outra medida de proteção existente (dimensões mínimas de captura):
 - Se o sargo é uma espécie em que deve ser controlada a pesca, porque razão tem 17Cm como mínimo de captura (eram 15Cm até 2022)?
 - Se estudos apontam no sentido de um robalo com menos de 42Cm (num dos sexos), ainda não teve hipotese de se reproduzir, porque razão temos 36Cm como mínimo de captura?
 - A dourada com 19Cm apenas!

É certo que uma parte significativa dos pescadore não respeita os tamanhos mínimos!
Também é certo que será o aspecto mais difícil de controlar pelas autoridades competentes, mas a quantidade de licenças emitidas, geram receitas de pelo menos um par de milhoes de euros anuais. Onde são investidas essas receitas? Não seriam úteis para financiar ações de controlo mais frequentes?
Este estudo indica exatamente quais os locais onde se concentra a maior parte dos pescadores, pelo menos para indicar onde se devem concentrar os maiores esforços de controlo será uma boa ferramenta!
Cumprimentos,
César
 

Offline Rider

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #16 em: 10:09 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Segundo percebi, o estudo é baseado num questionário efectuado por +/- 15% dos pescadores. Depois tal como foi dito, desses 15% quantos responderam de forma justa e verdadeira.

Na minha opinião faz falta ir ao terreno, para ter uma ideia da realidade.

Continuo com uma forte curiosidade em saber como é usado o valor pago pelas licenças. Será para estudos como este?? Será que alguém consegue explicar.

Vai acontecer o mesmo que na caça, acaba-se com metade dos pescadores, fecha-se lojas, etc...
Espera o melhor, prepara-te para o pior e aceita o que vier.

Cumprimentos,
José Matos
 

Offline João Pontes

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #17 em: 11:20 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Do ponto de vista científico há muito que se pode apontar ao estudo, e duvido que venha a ser usado para alguma coisa porque carece de validação. Importante é perceber que não devemos esconder nem inventar nada, e que existem erros associados a este tipo de estudos : "recall bias" - que é quando te perguntam quantas vezes vais à pesca, e respondes por exemplo 2x por semana. No entanto tens semanas que não consegues ir por variados motivos (condições mar, família, etc...) mas o que é contabilizado são : 2x por semana x 52 semanas/ano. O número de horas que respondes que pescas, o que respondes que apanhas.... são tudo dados sensíveis, que tens de reportar como realmente se passou. Imaginem que vão à pesca 10x este mês, e numa pescaria apanham 10 sargos, 5 bailas e 1 robalo, enquanto que nas outras 9 não apanharam nada ou apanharam muito pouco.
Fazem uma pergunta acerca da última pescaria que vocês fizeram, e vocês respondem a que se lembram, a mais marcante. Mas é importante reportar as vezes que se apanha, mas mais importante as vezes que não se apanha. Porque se esse pescador diz que vai à pesca 35x por ano, não apanha todas as vezes 16 peixes.
Em Portugal ainda não existe a mentalidade de partilha fidedigna, nem do cuidado na recolha dos dados. A DGRM só quer dizer à União Europeia que faz monitorização da Pesca Lúdica, não vão impingir medidas de gestão nenhumas.
Aliás uma pergunta feita por um representante da DGRM no âmbito de uma reunião com os responsáveis a nível europeu da monitorização e recolha de dados da pesca lúdica foi :" Quais são os valores mínimos de capturas para não haver monitorização" ? Ao qual toda a gente respondeu: " You must be stupid".
Não devemos é sacudir sempre a água do capote, não é só a pesca comercial que apanha tudo e tem impacto, nós também temos mas não conseguimos saber qual. E enquanto não conseguirmos saber qual, quando a UE impingir restrições vão utilizar os dados dos nossos amigos Espanhóis e Franceses..... E aí é que vai ser realmente problemático.
"I like to think there is a connection between fishing and thinking. I do spend a lot of time thinking about fishing."
 

Offline Rider

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #18 em: 11:54 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
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A DGRM só quer dizer à União Europeia que faz monitorização da Pesca Lúdica, não vão impingir

Bem, se a razão do estudo foi esta, é mesmo á Portuguesa...
Os lúdicos têm impacto, disso não podemos fugir, mas não é enviar 1/2 dúzia de folhas para a UE com dados que não são realistas, muito longe disso.

Inserir Citação (seleção)
que é quando te perguntam quantas vezes vais à pesca, e respondes por exemplo 2x por semana. No entanto tens semanas que não consegues ir por variados motivos (condições mar, família, etc...) mas o que é contabilizado são : 2x por semana x 52 semanas/ano. O número de horas

Vou dar um exemplo que se passa comigo. Se me perguntarem quantas vezes vou á pesca, diria que em condições normais, 1 x por semana, mas na realidade não pesco desde Setembro, devido a factores como o tempo, estado do mar, outros compromissos, etc...,

Na primavera/verão, em que vou mais vezes á pesca, este ano foi terrível devido ao limo, talvez tenha feito 1/2 de pescas.

E isto é a realidade de milhares de pescadores.

Espera o melhor, prepara-te para o pior e aceita o que vier.

Cumprimentos,
José Matos
 

Offline ze carlos

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #19 em: 12:11 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Boas

eis aqui um bom exemplo do que falo

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eis uma boa maneira de tentar resolver a situação

se a isto se alear o controlo de desperdício de pescado que acontece em peixarias das grandes superfícies e similares por esse pais fora (falo com conhecimento de causa) se se colocar mais restrições a intermediários e a todos os oportunistas que gravitam á volta da pesca comercial  já seria um grande contributo e ajuda para o restabelecimento das espécies em causa

na minha opinião continuarmos a tentar corrigir as coisas pelo lado e em moldes que o que querem fazer não irá ter efeitos nenhuns e continuará a ser o salve-se quem puder e que se lixe o resto o mais provável é mais uma vez levarmos com leis que não se enquadram e em nada tem a haver com a nossa situação quer económica quer social, é bom não esquecer que somos se não o maior um dos maiores países da comunidade europeia se contarmos com a nossa área marítima exclusiva e isto sim era o que deveríamos defender com unhas e dentes perante aqueles que nos querem implementar leis baseadas em estudos no mínimo duvidosos para não lhes chamar ridículos...
Abraço
 

Offline ze carlos

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #20 em: 14:12 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
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bem gerido nem precisavam de grandes investimentos, bastava para isso aproveitar os recursos naturais que já temos para reservatórios de criação como em outros tempos se fez ou tentou fazer, quero eu com isto dizer que bastava aproveitar por exemplo
lagoa de Óbidos, lagoa de albufeira, lagoa de Melides, lagoa de santo André e muitas mais que existem que na grande maioria ficam o ano inteiro fechadas ao mar sendo abertas uma ou duas vezes por ano para renovação e oxigenação das aguas

a solução ou pelo menos a tentativa de solução está á beira de um simples querer por parte de quem tenha um mínimo interesse em faze-lo em beneficio de todos
Abraço
 

Offline João Pontes

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #21 em: 15:05 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Isso não é assim tão linear nem fácil de se fazer, pois é preciso ter em equação a parte genética das populações... Não é só criar em cativeiro e libertar no mar.
Mas utilizar parte do dinheiro das licenças para esse tipo de estudos e trabalhos, sou totalmente a favor. Uma coisa bem feita é sempre positiva... agora às três pancadas só para pareceber bem, é que já é mais complicado.
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Offline ze carlos

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #22 em: 15:30 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
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Isso não é assim tão linear nem fácil de se fazer, pois é preciso ter em equação a parte genética das populações... Não é só criar em cativeiro e libertar no mar.
Mas utilizar parte do dinheiro das licenças para esse tipo de estudos e trabalhos, sou totalmente a favor. Uma coisa bem feita é sempre positiva... agora às três pancadas só para pareceber bem, é que já é mais complicado.

se o fazem intensivamente para consumo humano, não vejo grande problema em faze-lo para reintrodução no habitat natural
quanto há parte genética hoje em dia já há formas de fazer uma seleção a modos a minimizar os efeitos adversos, mais manipulação menos manipulação e a coisa resolve-se, já consumimos a maior parte da nossa alimentação maioritariamente manipulada sempre era preferível consumir algo que mais que não fosse tivesse algo um pouco mais natural, até já fazem distinção de peixes criados em cativeiro em mar aberto e mar fechado seja lá isso o que for, uma diferença sei eu que tem, é o preço final ao consumidor...

o que eu sei é que não existe verdadeiramente  vontade de resolver o problema  e não sei se algum dia irá haver pelo menos enquanto outros interesses  falarem mais alto


mais uma vez é cada um por si, penso que a isso se deve e como foi dito mais acima a universidade do Algarve não estar representada nessa tal reunião é no mínimo estranho, é nada mais nada menos a maior e melhor universidade de biologia marinha do pais e ao que entendi pelo artigo que coloquei não encontraram nem levantaram problema nenhum na criação de sargo e corvina para reintrodução em habitat natural, obvio que o fizeram na área de jurisdição que lhes diz respeito ou seja abriram os olhos e estão a preservar diretamente o que os afeta e muito bem para próprio beneficio, provavelmente quiseram colocar a ideia a nível geral de outras zonas, mas como de costume só se levantaram dificuldades e problemas na defesa sabe-se lá de quê e dos interesses de quem
« Última modificação: 15:39 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 por ze carlos »
Abraço
 

Offline ze carlos

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #23 em: 16:12 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
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neste caso por exemplo o que custava libertar uma parte quando estivessem na casa das 100gr

João Pontes salvo erro esta é uma área que dominas bem, tal qual como dizes não pode ser feito ás 3 pancadas mas que é possível é

??
Abraço
 

Offline João Pontes

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #24 em: 16:14 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Nós estavamos representados enquanto Centro de Ciências do Mar - CCMAR da Universidade do Algarve.
Quando falo na genética, falo por exemplo no possível desiquilíbrio que juvenis de sargos, robalos, douradas, etc... comprados fora de Portugal (porque em Portugal não existe nenhuma maternidade ou pelo menos não existia até há muito pouco tempo) possam ter vantagens competitivas em relação aos nossos "selvagens".
Mas é como tudo na vida, se for bem pensado e bem feito, só existem benefícios.
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Offline ze carlos

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #25 em: 16:21 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
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Mas é como tudo na vida, se for bem pensado e bem feito, só existem benefícios.

sou inteiramente da mesma opinião :fixe:
« Última modificação: 16:23 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 por ze carlos »
Abraço
 

Offline ze carlos

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #26 em: 17:51 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Em relação a está reunião alguem sabe de alguma,proposta,norma ou legislação concreta do que querem aplicar ou fazer em relação á pesca lúdica?

Abraço
 

Offline xcelsior

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #27 em: 19:16 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
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Em relação a está reunião alguem sabe de alguma,proposta,norma ou legislação concreta do que querem aplicar ou fazer em relação á pesca lúdica?



Viva,

Esta reunião, entre outras coisas, foi só de apresentação dos resultados dos inquéritos online e presenciais e do respectivo estudo com base nos dados dos mesmos. Da reunião não sairam normas ou legislações. Passo a citar o que me foi respondido por um dos técnicos da DGRM (via email) sobre o que irá ser feito de seguida:

“O estudo agora concluído e entregue à DGRM será, agora, objeto de análise para apoio à tomada de decisões quer no âmbito da Diretiva Quadro de Estratégia Marinha, como instrumento de avaliação do bom estado ambiental, quer para apoio à tomada de decisão sobre a gestão dos recursos e do setor da pesca lúdica, representando mais um instrumento de recolha de informação e tomadas de conhecimento sobre a realidade da pesca lúdica na costa continental portuguesa, particularmente nas zonas consideradas mais sensíveis.”

Quanto às sugestões do estudo, estão Capítulo 10 do relatório principal ou no Capítulo 9 dos relatórios por zona:

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Deixo aqui o conteúdo do Capítulo 10

"Os resultados do presente estudo permitem verificar que há uma maior consciência dos pescadores, no que diz respeito às questões ambientais. De uma forma global, a maioria dos pescadores inquiridos concorda que existe um número significativo de praticantes de pesca lúdica que não cumpre as regras básicas de proteção ambiental, considera também que as épocas e zonas de defeso são importantes na defesa das espécies e que algumas artes de pesca devem ser proibidas.

Esta perceção faz com que os pescadores estejam mais dispostos a aceitar e cumprir medidas que possam ser benéficas para a proteção dos ecossistemas.

Quanto a medidas concretas, os resultados obtidos não permitem avaliar o estado das populações das espécies capturadas, pelo que não é possível fazer planos específicos para as espécies mais ameaçadas.

Contudo, os dados do presente estudo podem ser utilizados como base de comparação para estudos futuros e, então, se necessário, para a criação de medidas mais concretas para preservação de espécies. Podem ser adotados períodos de defeso, que podem permitir aumentar o recrutamento da espécie; ou podem ser definidos tamanhos mínimos de captura fazendo com que não seja permitido pescar indivíduos abaixo daquele tamanho, que terão um papel determinante para a recuperação do stock.

No caso específico do Robalo (Dicentrarchus labrax), que é uma espécie já sujeita a um plano de gestão, em caso de necessidade podem ser tomadas medidas como a criação de um período de defeso durante a época de reprodução (inverno/primavera). Esta medida vai evitar que os indivíduos maiores, que estão sexualmente maduros, sejam capturados antes de se reproduzirem, evitando a diminuição do stock.

Os pescadores inquiridos sugeriram que deve existir maior controlo e maior fiscalização na pesca. Tanto a fiscalização dos episódios de pesca como das capturas efetuadas nem sempre são de fácil realização. Todavia, se houvesse um maior controlo e se a fiscalização fosse mais apertada seria possível minimizar os impactos quer nas populações pesqueiras quer no meio ambiente, pois existiria uma diminuição das capturas de indivíduos de tamanhos inferiores ao permitido bem como do uso de artes de pesca não permitidas.

Quanto ao tamanho médio dos exemplares capturados, muitos pescadores indicaram que, ao longo dos últimos 5 anos, este tem vindo a diminuir. De modo a tentar contrariar esta tendência,  uma medida que poderia ser posta em prática seria a atualização dos tamanhos mínimos de captura. Um aumento dos tamanhos mínimos de capturas iria, a curto prazo, levar a um decréscimo das capturas, por parte dos pescadores. No entanto, a longo prazo, poderia verificar-se um aumento, não só nas capturas, como também no tamanho dos indivíduos capturados.

Uma medida bastante interessante do ponto de vista ecológico é a criação de mais zonas protegidas. Estas zonas, nas quais não é permitido pescar, vão funcionar como refúgio e como zonas de reprodução, onde mais tarde acabarão por sair desta zona de conforto para as áreas circundantes. Estes organismos, regra geral serão maiores do que seriam se não existissem estas zonas.

Apesar da maioria dos pescadores inquiridos demonstrar ter consciência no que diz respeito ao meio ambiente e à biodiversidade, nem todos são assim.

Mesmo aqueles pescadores que demonstram ter alguma sensibilidade, por vezes não aceitam bem decisões tomadas e imposições que afetam as suas atividades, quer a nível profissional como de lazer. Assim sendo, mais importante do que impor medidas e obrigações é formar e consciencializar as pessoas. É importante que os pescadores, para além de serem informados, percebam realmente que existe uma razão válida e importante por trás de cada decisão tomada. Sendo fundamental que saibam quais são as razões que levaram a que determinadas medidas sejam adotadas.

Para que isso seja possível, é importante levar a cabo ações de formação, que podem ser in loco ou não, junto dos pescadores para que estes tenham consciência de que uma medida implementada que possa restringi-los no presente poderá beneficiá-los no futuro. É importante que os pescadores vejam tanto os biólogos como a Polícia Marítima como aliados e não como inimigos.

Desta forma, integrando os pescadores e tornando-os mais conscientes do porquê de cada decisão, torna-se mais fácil que eles entendam e cumpram as medidas implementadas.

Com base na recolha de dados e informação em cada uma das zonas estudadas, apresenta-se de seguida, para cada uma delas, as propostas para gestão, monitorização e minimização do impacto da pesca"


E depois são enumeradas as sugestões por zona que são basicamente possíveis períodos de defeso durante as respectivas épocas de reprodução.


Cumprimentos,
Filipe



De s



« Última modificação: 19:20 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 por xcelsior »
"I am haunted by waters." - Norman Maclean, A River Runs Through It
 
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Offline AndreFreitas

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #28 em: 22:13 Quarta, 18 de Janeiro de 2023 »
Boa noite a todos. Sem duvida que estes dado são exagerados, mas não duvido que temos uma grande influencia. Dou o exemplo da pesca à dourada de barco, em que cada pescador trás dezenas de exemplares, e vão quase todos os dias apanhar. Para mim isso já não é pesca lúdica mas sim profissional. Nota sou totalmente a favor de defesos mas defesos para profissionais e lúdicos.
 

Offline FilipePC

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Re: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO MONITORIZAÇÃO DA PESCA LÚDICA EM ÁREAS MARINHAS PROT
« Responder #29 em: 09:47 Quinta, 19 de Janeiro de 2023 »
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Boa noite a todos. Sem duvida que estes dado são exagerados, mas não duvido que temos uma grande influencia. Dou o exemplo da pesca à dourada de barco, em que cada pescador trás dezenas de exemplares, e vão quase todos os dias apanhar. Para mim isso já não é pesca lúdica mas sim profissional. Nota sou totalmente a favor de defesos mas defesos para profissionais e lúdicos.

Estás completamente enganado. 75% dos pescadores da dourada de barco não apanham nada ou resume se a pesca à 1 ou 2 peixes. Depois há sem dúvida quem faça disso uma profissão e tire muito peixe. Mas isso deve é ser fiscalizado. Se na estrada houver quem ande a 200, proíbe quem anda a 100 de circular? Isso é o caminho mais fácil. O problema é que sobra sempre para os mesmos. Sou a favor do controle, não de proibições.
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