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Autor Tópico: O peixe que não ficou  (Lida 1087 vezes)

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Offline Raphael

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O peixe que não ficou
« em: 12:59 Quarta, 14 de Setembro de 2022 »
Olá a todos.

Após alguns meses afastado aqui do forúm e da pesca em geral venho então partilhar convosco a última pesca feita em kayak. Infelizmente não tirei fotos quase nenhumas, excepto em casa. Mais tarde tentarei coloca-las aqui

Então sábado dia 3 de setembro, lá fui tirar o pó ao kayak e po-lo na água, e embora todos nós saiamos com aquela expectativa de fazer uma bela teca ou tirar um PB, nada me fazia adivinhar o dia que ia ter, foi dia de espécies novas (para mim) e de PB's mas com um final ''amargo''.

6h da manhã chego à rampa. Começo a preparar o material, aquela tarefa que parece interminável, quando o que queremos é entrar na água e começar a pescar rapidamente. Às 7 da manhã, com o nascer do sol, lá meto o casco dentro de água e começo a pedalar. Saio do porto, abro as asas de cesto e deixa correr linha, deixando as amostras para trás. Sem contador de linha, o trolling acaba por ser , para mim, um pouco a olho e ao feeling, se quando temos as amostras suficientemente longe, que na minha parca experiencia e onde me sinto confortável, é quando a ponteira da cana deixa vibrar ao ritmo da ''dança'' da amostra mas ainda a consigo sentir no cabo da cana. Paranóias de pescador...

Os companheiros afastaram-se, vinham tentar a sorte nas lulas, mas para mim, o que realmente gosto de fazer é trolling. Ir a pedalar, distraír-me nos meus pensamentos e meditações, apenas para ser acordado com um repentino e por vezes violento dobrar de uma cana quando um peixe decide investir.

Foi um ínicio lento, sem toques durante 2h30m. Naveguei sempre a cerca de 400/500m da costa, contornando as bóias dos covos que ''minavam'' a zona, rezando para não cravar nenhuma corda. Vento fraco do quadrante norte, mar calmo e sem ondulação, água verde limpo e com uma temperatura de 17ºC e uma velocidade a rondar os 2,5/3 nós navegando para trás e para a frente nos cerca de 2,5km desde a saída porto e o rochedo que limita o final da praia. Foi então pelas 9h30m sensivelmente que sou sobressaltado pelo dobrar da cana a estibordo, uma Barros Zero Delta pro, a outra cana é colocada ao alto no caneiro para evitar que a linha se prenda nos acessórios de kayak e começo de seguida a trabalhar a cana com a captura. Cabeçadas violentas, fazem o drag ceder linha com aquele som que todos nós gostamos de ouvir, mas mesmo com apenas cerca de 50m de linha fora, a luta parece sempre interminável, até que finalmente lá se vê o peixe a estrebuchar ao cimo da água, e quando finalmente lhe vejo a côr perto do casco, percebo que a abertura do dia não podia ser melhor, um DOUBLE de robalos com cerca de meio kilo cada.

Rápidamente solta-se as fateixas da amostra e o anzol do raglou, amostras novamente na água, canas preparadas e rumo resume-se novamente a missão. Equanto vou pedalando à espera de novas capturas, vou tratando do peixe. Técnica Ikejime e poupamos o sofrimento prolongado ao animal, aós a sua ''partida'' corto a guelra para que este sangre evitando a estagnação de sangue durante as longas horas da jornada e coloco-os na geleira.

Alguns quilómetros mais tarde, outra captura. O ritual repete-se, cana livre fora do caminho, trabalhar o peixe da outra. Cabeçadas violentas, a canção do drag do carreto e os saltos fora de água na sua luta para se libertar. Desta vez tenho apenas um robalo, mas com cerca de 1kilo, já é um peixe considerável. Trato deste guerreiro de forma respeitosa e coloco-o na geleira. Não muito tempo depois mais um arranque na cana, outra luta aguerrida e tenho outro DOUBLE. A captura seguinte marcou o meu PB, um grande robalo que pesou 2,100kg, batendo o meu record em 100g.

O resto do dia foi marcado or outras capturas aqui e ali, entre robalos, cavalas, sardas, e um carapau e um badejo pequeno, rapidamente devolvido, e ainda duas capturas simultaneas de um robalo em cada cana. Terminei o dia com 11 robalos, 4 cavalas, 1 sarda e um carapau.

Mas ainda não tinha terminado o dia. Durante o regresso ao porto, a pouco mais de 1km do final da jornada, a cana Delta pro verga toda para trás, o caneiro onde esta está colocada verga também, o carreto canta como nunca o ouvi a cantar! Tiro a cana do caneiro e esta parece querer fugir-me das mãos. Não faço ideia do que tenho do outro lado, mas é pesado e é GRANDE! Começo a recolher linha, mas o drag cede sob o peso do peixe, fecho o drag, mas não chega, fecho mais e finalmente consigo começar a rebocar o peixe por entre a suas invistidas, mas este pouco descanso dá! Tenho apenas tempo de rodar duas ou três vezes a manivela do BG antes do peixe dar a sua luta, e por mais que feche o drag, cada cabeçada faz o carreto berrar a sua música. Tenho o coração ao querer saltar-me do peito, o nervosismo e a excitação a quererem tomar conta da razão, tento controlar-me o melhor que consigo, focando-me no momento. Já tenho o ombro em brasa, já levo cerca de 4/5 minutos de luta. Não é muito tempo, mas parece que são horas, então do nada deixo de sentir o peixe a bater. Teria finalmente cansado o animal? Puxo levemente a cana para levantar o peixe, mas a ponteira verga a realidade atinge-me como um murro no estômago. A amostra está presa no fundo. As únicas coisas a fazer são, ter calma, respirar e rezar para o peixe solte a linha sozinho. Dou alguma folga na linha, vou dando a volta ao ponto estou preso e vou levantando suavemente a cana na esperança que esta finalmente se solte e volte a sentir as cabeçadas do animal, mas aúnica coisa que sinto é a linha a partir e a cana a ficar leve. Cai-me tudo ao chão...sinto um misto de raiva e tristeza, misturadado com a excitação de uma luta absolutamente fantástica. Perdi um peixe de uma vida mas ganhei uma experiencia brutal. Não lhe cheguei a ver a côr nem o tamanho nem silhueta, mas deveria ser um peixe com mais de 10kg, possivelmente. Mais tarde, em conversa com amigos destas lides chego a possivel conclusão que poderia ter sido uma corvina legitima. O robalo vem à superficie na sua luta, e segundo me disseram, a corvina vai para o fundo e roça-se nas pedras para se desferrar, aliado ao peso que senti, e por nessa mesma noite terem saído corvinas na pesca apeada na zona, suspeito que que tenha travado uma luta com um boa corvina.

Haverá outras oportunidades, mas esta memória ficará comigo à espera de ser superadas por uma nova memória num futuro em que consiga trazer a bordo um animal dessa mesma imponência.

Abraço a todos, boas proas e canas sempre vergadas.
 
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Offline Nelson Peres

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Re: O peixe que não ficou
« Responder #1 em: 14:27 Quarta, 14 de Setembro de 2022 »
Olá,
Estive aqui uns segundos a pescar contigo, apertei um pouco mais o drag e tentei não deixar o peixe ir mais para o fundo mas como não sabia se estavas a pescar com fio suficientemente forte para esse peixe, deixe -te manobrar ! Também me soa a corvina, elas vendem muito cara a derrota e não descolam do fundo, é um perigo deixá-las chegar mais abaixo mas as vezes somos incapazes de parar um peixe destes que ganhou embalagem...

Poderia ter sido uma jornada épica, ficou por uma excelente jornada, obrigado pela partilha 💪🙏
Nelson Peres
 
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Offline Rider

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Re: O peixe que não ficou
« Responder #2 em: 15:19 Quarta, 14 de Setembro de 2022 »
Parabéns pelas capturas e pelo relato.
Obrigado pela partilha.

Poderá ser uma corvina, mas tb poderá ser outro "bicho", num bom polvo, uma raia, ou outros menos prováveis. Nunca saberemos.
Espera o melhor, prepara-te para o pior e aceita o que vier.

Cumprimentos,
José Matos
 

Offline Paulo J Fernandes

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Re: O peixe que não ficou
« Responder #3 em: 11:37 Quinta, 03 de Novembro de 2022 »
Olá Rafael!
Obrigado pela tua partilha. é isto que nos faz regressar todas as vezes :). Isto e a companhia!!!
Abraço
Cuidado com todos os procedimentos, não deitemos tudo a perder <º)))><!
 
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