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Autor Tópico: A história do achigã parte 1  (Lida 2334 vezes)

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Offline Marco Santos

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A história do achigã parte 1
« em: 23:45 Quarta, 16 de Julho de 2014 »
História do Achigã
O achigã foi introduzido pela primeira vez em Portugal em 1898, na Lagoa das Sete Cidades, S. Miguel, nos Açores.
No continente, no entanto, apenas em 16 de Fevereiro de 1952, através de um pequeno número de alevins (150), provenientes de uma piscicultura francesa, a Piscicultura de Clouzioux, essa introdução foi conseguida.

O achigã é a truta do Sul"

(Eng. Peixoto Correia, da Direcção Geral das Florestas, em afirmação proferida no dia 27/04/94)
Quer num caso quer noutro, a espécie foi Introduzida nas águas portuguesas por iniciativa única e exclusiva de pescadores desportivos.
Não nos poderemos esquecer, na introdução da espécie no continente, de personalidades como Jorge Brum do Canto, Augusto Seabra Cancela, Carlos Anjos Bonniz, Manuel do Amaral ou Manuel Ferreira de Lima.
A espécie, originária dos E.U.A. e Canadá, encontrou condições muito favoráveis, tendo-se estabelecido e espalhado praticamente por todo o País, em especial no Sul e Centro.
Em Portugal, até há aproximadamente 5 anos, nenhuns estudos foram levados a cabo pela Direcção Geral das Florestas, ou por quaisquer Universidades, no sentido de se avaliar e estudar as albufeiras do ponto de vista piscícola, com vista a proceder a uma gestão/ ordenamento das mesmas.
Apenas o aparecimento de trabalhos recentes de Institutos Universitários e as reclamações de pescadores de achigã desde 1990 despoletaram um efectivo debate sobre o tema.


O achigã no mundo

Além do achigã (largemouth bass), existem no continente americano mais cinco espécies do género Micropterus: o smallmouth bass, o spotted bass, o redeye bass, o swannee bass e o guadalupe bass. De todas estas espécies, a mais conhecida e disseminada no continente americano e no mundo é, sem dúvida, o achigã. Sendo originário do continente americano (parte inferior dos grandes lagos, rio Mississipi a Sul da costa do Golfo, Florida, Carolina do Sul e Norte, Geórgia e Virgínia), o achigã foi introduzido pelo mundo fora, encontrando-se no Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá, Porto Rico, Botswana, Camarões, Kénia, Lesoto, Madagáscar, Marrocos, Zimbabwe, África do Sul, Swazilândia, Tanzânia, Tunísia, Uganda. Japão e Filipinas. No Velho Continente o achigã encontra-se na Inglaterra, Checoslováquia. Franca, Alemanha, Hungria, CEI, Itália, Suíça, Espanha e naturalmente, em Portugal . Na Europa as primeiras introduções ocorreram em França (1877) e em Inglaterra (1879), ambas a partir de exemplares vindos dos EUA. As introduções europeias posteriores, nomeadamente a italiana (1886) , a espanhola (1956) e a portuguesa (1952) , foram realizadas a partir de exemplares do "boca grande" franceses ou alemães.
Com excepção de Portugal. Espanha, Itália e França o achigã tem nos outros países europeus uma representatividade muito reduzida. A espécie está bem disseminada e adaptada em Portugal e Espanha.


A origem do Nome

Pensa-se que a palavra "achigã" deriva do vocábulo francês "achigan", forma como o chamavam os colonos franceses no Canadá, que por sua vez terão aprendido o nome com os índios canadianos, para os quais a palavra significava "aquele que salta".
Peixe da família dos Centrarquídeos, o achigã deve o seu nome científico, Micropterus salmoides, a duas das suas características fisiológicas mais marcantes:
Micropterus, que significa barbatana pequena, dado o pequeno lóbulo frontal da sua barbatana dorsal, o que faz parecer erradamente que terá duas barbatanas a esse nível, quando se trata apenas de uma configuração especial da única que possui.
Salmoides porque se assemelha a um salmonídeo, família de outros tantos grandes peixes de desporto, como o salmão, a truta, etc.
O achigã possui outros nomes comuns em Portugal (embora em declínio, dada a cada vez maior popularidade do peixe e do nome achigã), nomeadamente os de perca americana, robalo negro, perca truta e boca grande. Desconhecem-se os factores que conduziram à generalização do nome achigã (de origem canadiana) em detrimento dos outros. Aliás, já Almeida Coquet na revista Gazeta das Aldeias n.º 2688 de 1 de Junho de 1971, se interrogava sobre esta questão.


Características físicas

A boca grande, e que embora sem dentes afiados como o lúcio, lhe permite engolir grandes presas é uma das características mais importantes do achigã. A maxila inferior, proeminente em relação à superior torna-o menos adaptado a apanhar presas que se escondam em estruturas rochosas de fundo, mas essa configuração é altamente benéfica na caça à superfície.
O corpo bem musculado e com barbatanas bem desenvolvidas torna-o apto a mover-se com muito à vontade em áreas confinadas, de emboscada, onde aguarda pacientemente as suas presas. Também lhe permite mudanças rápidas de direcção sem diminuir a velocidade. Pode nadar a velocidades de 3 a 4 Km/ hora durante longos períodos e a sua velocidade máxima está estimada em cerca de 20 km/ hora, ou seja bastante mais rápido do que se consegue recolher um crankbait.

A sua visão é o seu mais importante sentido. Com os olhos colocados lateralmente na cabeça consegue uma visão binocular perfeita dirigida para a frente e para o ataque, e uma visão monocular muito grande de cada olho dirigida para os lados do corpo. Possuindo a capacidade de focagem de 30 cm a 12 metros e visão a cores, são realmente a arma mais importante para a localização e captura das presas de que se alimenta.

A audição é-lhe dada pelo ouvido interno (altas frequências) e pela linha lateral (baixas frequências). Ouvir, na realidade é uma capacidade única do ouvido interno, uma vez que a linha lateral capta as vibrações (também ondas sonoras), mas não é propriamente audição.

O sentido do cheiro, ao contrário de outras espécies como a truta e o peixe-gato, é pouco apurado no achigã, embora melhore grandemente com a idade. Este facto põe em causa a eficácia da utilização dos líquidos aromáticos que usamos nas nossas amostras, os quais, ao que parece, apenas têm a vantagem de dissimular o cheiro humano das mesmas.

Já o sentido do gosto é influenciado por estes aditivos, uma vez que, depois de agarrar a presa, é o facto de ela lhe saber a algo comestível ou não que faz o achigã segurá-la mais tempo na boca.

O tacto também entra em toda esta combinação, sendo certo que o achigã agarra mais tempo iscos moles do que iscos rígidos.

O Comportamento do Achigã

O seu comportamento como predador de topo deu ao achigã uma fama imerecida de exterminador das espécies, o que causou de início receios que vieram a mostrar-se totalmente infundados.
O desaparecimento ou escassez de algumas espécies nativas de cursos de água portugueses deve-se apenas a componentes de poluição e obras cujo impacto ambiental não foi previsto.
De facto em trabalhos recentemente publicados sobre a dieta alimentar do achigã, estudado em quatro albufeiras do Sul de Portugal, nomeadamente Vale Cobrão, Magos, Pego do Altar e Santa Clara, conclui-se que a alimentação do achigã consta essencialmente de insectos (Odonata, Ephemeroptera e Hemiptera) e ainda de duas exóticas consideradas praga e apenas controladas pelo achigã, a Perca Sol e o Lagostim Vermelho da Louisiana.
Para espanto de muitos, as carpas e outros ciprinídeos estavam ausentes dos conteúdos estomacais do achigã.
Em termos de pesca o que se pode dizer do seu comportamento resume-se a uma palavra: Fantástico.
Lutador incansável, ataca as amostras quer com uma saudável violência, quer com a mais fina e imperceptível calma, tornando-o num Peixe de Desporto espectacular.
Segundo Roland Martin, famoso pescador dos Estados Unidos da América, existem 9 razões pela qual o achigã pode atacar uma amostra:


Alimentação

Este factor é responsável, segundo Martin, por um terço dos ataques. Factores que podem desencadear um frenesim alimentício são a aproximação de uma tempestade, quedas da pressão atmosférica, enevoamento, ou uma frente quente após uma frente fria.
Mas no geral, o período de alimentação do achigã é curto e dá-se várias vezes ao dia.

Acção reflexa

Esta é a segunda mais importante razão pela qual um achigã ataca.
As melhores amostras para desencadear uma acção reflexa são o spinnerbait e o crankbait. A melhor profundidade para o fazer é em águas até 1,80 de fundo.

Raiva

A terceira mais importante razão. Muitas vezes lançamos a amostra repetidamente para "aquele local" que nos parece ter de albergar um achigã. E só após inúmeros lançamentos, 6 a 10, ele ataca... de raiva. Martin conta a história de um achigã de mais de 4 kg que se atirou à amostra após 76 lançamentos...

Instinto protector

O macho e a fêmea, enquanto nos ninhos, e o macho durante o período em que acompanha os Alevins, desenvolvem um elevado instinto de protecção que os leva a atacar as amostras para as "matar".


Curiosidade

É possível atrair um achigã por este factor, embora menor em termos de importância. Aplica-se a peixes que não estando a alimentar-se, apenas "passeando", são passíveis de ser atraídos por amostras naturais e trabalhadas com muita calma.

Competição

Este é um factor que quase todos nós tivemos oportunidade de presenciar. Quantas vezes vemos dois peixes atirarem-se à mesma amostra e às vezes prenderem-se os dois? E quantas vezes vem um peixe atrás do capturado? Então se andam em cardume... é vê-los a competir pela amostra.

Instinto territorial

O achigã possui um forte instinto territorial, nomeadamente nos exemplares adultos de grandes dimensões, que guardam o seu território como um urso o faz na floresta. Ao ver o seu domínio invadido por uma amostra correm a espantá-la como fariam com outro achigã, e atacam-na por esse motivo.

Instinto de matar

Este factor põe muitos peixes nas nossas linhas. Quantas vezes vimos já peixes do tamanho da amostra ou mais pequenos a atirarem-se à mesma. Logicamente que não é para a comerem, pois não têm ainda capacidade de o fazer, mas apenas para matá-la.


Ignorância

Infelizmente este é um factor com o qual não podemos contar muito nas nossas água. Martin detectou em águas nunca pescadas que qualquer amostra (por desconhecida) podia apanhar achigãs indefinidamente. Inclusive chegou a apanhar o mesmo peixe várias vezes com a mesma minhoca.

Enfim, o achigã é sem dúvida um peixe maravilhoso, imprescindível a quem gosta de pescar desportivamente.
O achigã em Portugal

Continua

Texto da cortesia de João Muiguel Costa
« Última modificação: 23:55 Quarta, 16 de Julho de 2014 por Marco Santos »
Não tenho medo de morrer!
Tenho medo é de chegar ao céu e não ter espaço para pescar.
 
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