Coisas da pesca

[ladarios]

Coisas da pesca
O pescador levantou-se cedo. Preparou a tralha da pesca, vestiu-se à pressa, tomou o pequeno-almoço, igualmente à pressa, e lá foi, levando mil sonhos na alma.
Chegou ao pesqueiro, montou as canas e começou fazendo os lançamentos com uma das canas… a outra, cana e carreto a estrear, estava pronta com uma amostra de superfície, para o caso de ver os achigãs a atacar as suas presas. Lançamentos atrás de lançamentos e nada… uma conversa com um parceiro que estava a alguns metros de distância, tem dado, não tem dado, sim, têm saído alguns… enfim… conversas de pescadores.
Mais lançamentos, fazendo algum cuidado para a mostra ao lançar não se prender numas ervas que abanavam ao vento mesmo atrás do pescador, onde repousava a outra cana… ai, azar nunca visto… num lançamento mais descuidado, não se sabe como foi possível, mas o certo é que aconteceu… subitamente, o pescador viu  a cana, que descansava à espera de ser usada, cair na água, mesmo à sua frente… ainda foi com a cana com que pescava tentar apanhá-la, mas não conseguiu e lá viu a sua rica cana e carreto, tudo novo a estrear, desaparecer na água escura da barragem. Ficou de boca aberta, perplexo, ainda incrédulo, tão incrédulo que ainda olhou para trás na esperança de ver a cana no seu repouso. Mas não,  a cana tinha mesmo caído à água. Ao lançar, imagine-se, deve ter engatado a amostra na cana e lançou amostra, cana e tudo… uma anedota, uma anedota cheia de azar.
Bem, ainda um pouco incrédulo, foi ao carro buscar uma cana adaptada com um gancho na ponta que usa na pesca às trutas para salvar amostras que ficam presas nas árvores ou ervas. E então a sua jornada de pesca aos achigãs transformou-se numa desenfreada pesca à cana imersa nas águas que, por mais azar ainda, estavam tapadas. Tentativa atrás de tentativa e nada. A cana tinha caído numa zona bastante funda e cheia de pedras… Mudou de estratégia. Montou a cana que  sobrou com uma chumbada e uma fateixa de três anzóis e lançou, lançou e lançou, vezes sem conta… para um lado, para outro lado… nada…  e esteve nisto, cerca de duas horas e meia. Por fim, cansado, desanimado e frustado, sentindo um vazio na sua alma, decidiu desistir… “-pronto, paciência, pior era se tivesse caído eu à água ou se tivesse caído e me aleijasse” -  pensou o pescador… e assim estava tudo decidido a acabar. Sorte iria ter o pescador que a encontrasse quando a água da barragem baixasse.
Mas a história, real e verdadeira, ainda não acabou. O pescador, afinal, era eu e, embora tivesse já decidido desistir e estivesse já a arrumar as tralhas, disposto a deixar o local com a maior tristeza, subitamente, pensei: “- Bem, vou fazer uma última tentativa” . Então, peguei na cana adaptada com o gancho e mergulhei-a na água, uma vez mais que iria ser a última. E eis que, para grande alegria minha, vi aparecer na tona da água e ponteira da cana. Imagino o brilhar do meu olhar nesse momento!  Fui com o gancho por baixo, rapidamente, mas a cana afundou de novo. Mais algumas tentativas e, num golpe de sorte, lá vem a cana presa pelo suporte do carreto. Acreditem, fiquei  tão  feliz, tão contente que me apeteceu mesmo beijar a cana e o carreto. Estarão a pensar: - o pior é o carreto que se encheu de água. Talvez não, não vou falar em marcas e modelos, mas é um carreto que, supostamente, tem uma tecnologia que confere ao carreto impermeabilidade. A ver vamos… boas pescas para todos e… cuidado, não lancem canas à agua!

Ladarios

[Ricardo Nunes]

Que azar 🥺 felizmente num golpe de sorte através de muito esforço lá conseguiste safar e ainda bem 

[duas]

Uau! Bela estória com um final feliz.

A água doce não causa grande estrago nos carretos, penso eu.

[Mané]

Ladarios, a penitência é frutuosa.

Pelo bem espiritual e também, quando calha, pelo material.

Bem hajas. Belo relato.

[joseferreira77]

confirme uma coisa aqui para a malta, pois todos sabemos que quando devolvemos à agua, para mais tarde apanhar, o peixe fica maior, qual era o tamanho do carreto antes e depois de ter pescado?

[Rider]

Como em tudo na vida, estamos sempre a aprender. Fica a lição.

[ladarios]

confirme uma coisa aqui para a malta, pois todos sabemos que quando devolvemos à agua, para mais tarde apanhar, o peixe fica maior, qual era o tamanho do carreto antes e depois de ter pescado?

Não o medi nem pesei, mas penso que deve estar igual. o mesmo não acontece com os peixes que devolvemos. Quando os voltamos a pescar, sem dúvida que nos irão dar mais alegria porque ganharam peso.

[Ernesto Lima]

Belo relato Ladários!

E bela recuperação.

Quanto ao carreto ser de uma marca que assegura impermeabilidade, pessoalmente teria algum cuidado, pois essa impermeabilidade pode não ter sido suficiente, atendendo a que, sujeitos os vedantes à pressão da água a que o carreto esteve sujeito, devido à profundidade em que esteve afundado, os vedantes poderão não ter sido o suficiente para que a água não entrasse.

Cumprimentos

Ernesto

[Peko]

Apesar do "azar" acabou tudo bem ! Isso são coisas que acontecem, infelizmente a todos mas como tu dizes, mais vale o material que nós! Tive um episódio parecido, mas de pato, numa zona baixa, consegui também recuperar o material mas houve um momento que na tentativa de o recuperar deixei cair o telemóvel também, com um final feliz acabei por recuperar tudo e "graças ao espírito Santo" ambos ficaram utilizáveis!!!

Abraço e força!