Boa tarde PMiranda.
Já conhecia o video (muito elucidativo) e de facto não me parece sustentável que a coisa assim continue.
A redução da utilização de plástico, ou outros materiais, e a capacidade de reutilização do que se usa, serão certamente uma prioridade, não tendo eu soluções objectivas para tal.
Enquanto todos os países do mundo não aderirem a resoluções e medidas relacionadas com o que acima referi, o que podemos é, como já aqui se referiu, individualmente ou em grupos, termos por conceito que nada pode ser atirado para o chão, ou para o mar, e nada do que lá virmos pode ficar. Parece um pouco extremo, mas podemos fazê-lo na grande maioria dos casos.
Atitudes deste tipo têm de ser treinadas desde a infância, ou mais tarde, como se de lavar os dentes se tratasse, antes e depois das refeições, ao deitar e ao levantar. Não tem outra hipótese. Muitos de nós já têm estes hábitos ou já forneceram treino neste sentido; outros, como sabemos..., nem uma coisa nem outra. Alguns até o fazem com um desprezo completo, quer pelo ambiente, quer por quem terá de limpar o que deixaram, uns por ignorância, outros porque sim.
Relacionada com o acima descrito, e com alguma saudade de outros tempos, vou contar uma história verídica, daquelas que não mais nos esquecemos.
A minha profissão sempre foi Prof. de Educação Física e, entre 1985 e 2003, leccionei na Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Setúbal. Portanto, com jovens adultos portadores de incapacidades diversas. Tínhamos muita actividade de ar livre e desportiva e muitas saídas para fora, inclusivamente um acampamento anual que decorreu durante vários anos em locais diversos.
Por volta do ano de 1997, se não me engano, o dito acampamento realizou-se no Parque de Campismo da Galé, entre a Praia do Carvalhal e a Praia da Aberta Nova, antes de Melides.
Quem conhece o local, sabe que o acesso à praia é bastante íngreme, pelo que íamos todos a pé quando descíamos, mas, na volta, utilizávamos o tractor e respectivos assentos atrelados que o parque tinha como vaivém, para subir.
Num dos dias em que aguardávamos a chegada do tractor, no outro lado do caminho estava um casal, com 2 filhos pequenos, ao lado dum contentor de lixo onde tinham encostado o guarda sol, sendo que, o supostamente pai, após terminar de comer um yogurte, atirou a embalagem para o chão, caindo esta não a mais que 50cm do referido contentor de lixo. Foi aquele momento em que toda a gente reparou, tudo ficou meio aparvalhado com a acção, incluindo eu, até que, sem mais delongas, um dos alunos que estava comigo, visivelmente incomodado, comenta baixinho: "ganda porco"! Entretanto, quase em simultâneo, sai disparado direito ao fulano, e, sem lhe dirigir palavra ou sequer o fitar, apanhou a embalagem, afastou calmamente o guarda sol que impedia a abertura da tampa, colocou a embalagem lá dentro, fechou a tampa, tornou a encostar o guarda sol e voltou para onde estava ao som de palmas e risadas francas de toda a gente que se apercebeu da situação, incluindo eu e alguns dos os amigos dele, aqueles que se tinham apercebido.
O fulano do yogurte pareceu inicialmente que ia ser agressivo, mas, face à reacção geral, acabou por ficar meio aparvalhado, pegou nos filhos e na mulher e voltou à praia, sem sequer tentar ir no tractor em simultâneo connosco, talvez para escapar aos diversos comentários jocosos que decorreram durante a viagem de volta. Estes comentários, considerando os pormenores da situação, deixo à Vossa imaginação.
Concluindo..., a educação é feita de acções, conteúdos, argumentos, conceitos, vivências, relações..., mais ou menos regradas. Há quem os saiba passar melhor ou não tão bem, há quem queira ouvir, analisar e perceber, ou nem por isso. Em última análise dependerá sempre e unicamente de nós. Melhor que comece o mais cedo possível, talvez tendo algumas vezes por base, aquele ditado português que, em sentido figurado, diz: "o pão na mão e o pau na outra".
Cumprimentos
Ernesto