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Autor Tópico: Pesca de Barbos- Tecnica  (Lida 27277 vezes)

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Offline Nelson Peres

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Pesca de Barbos- Tecnica
« em: 18:06 Quarta, 25 de Dezembro de 2013 »
Transferido do Sitio e elaborado por Carpa Real.
PESCA AOS BARBOS


Este artigo deve-se ao facto de um pedido do Companheiro Rufino para um determinado rio em que ele costuma pescar:

- Receita de engodo para Barbos!?
- Rio com cerca de 9 metros de largura e de fundo varia entre os 3 e os 6 de profundidade corrente é fraca e por vezes nula!?

Problema principal, difícil manter os barbos no pesqueiro!?

- Será do engodo?

- Será do peixe que só come em certas alturas?


PESCA AOS BARBOS E OUTROS:


Sobre a questão que o Rufino colocou as respostas podem ser muito variadas. A mesma é demasiado diversificada e ás vezes complexa.
As dicas que aqui vou deixar são aquelas que eu usaria em competição e como se sabe em competição utiliza-se o melhor em materiais e conhecimentos estes dependendo da aplicação e muito treino. Se estivermos atentos durante uma prova verificamos que de pescador para pescador a técnica, materiais e o composto dos engodos tem a sua diferença, faço este reparo porque o que aqui vou deixar é uma das minhas formas genérica de pescar aos barbos para o tipo de rio que ele salientou, outras haverá que são aplicadas em conformidade com a situação na altura. Como já se tem dito por cá a pesca não é uma ciência exacta.

Para já esquecer os engodos á base de farinhas que tradicionalmente a maioria dos pescadores usam. O tipo de rio que ele fala e que eu tenho uma vaga ideia deve-se aplicar o critério utilizado em Chaves e Cavêz entre outros.

Então vamos falar do engodo que deve ser utilizado dado ás características do rio em questão.
Engodagem só com Asticot, Gravilha e Cola.

1- Para uma manhã ou tarde de pesca +- 4 lt. de Asticot

2- Crivar o Asticot muito bem com uma peneira, passar o mesmo no mínimo duas vezes.

3- Importante o uso do balde na composição de todos os engodos que levam Cola e não só, pelo motivo de não ter arestas vivas tipo caixa ou outro idêntico, para além de não permitir uma boa mistura ainda fica o problema no final aquando da limpeza os cantos ficarem empreganados de cola que por vezes fica eterna.

1º Colocar o Asticot no balde humedecer um pouco com borrifador homogeneamente (muito importante), mexendo muito bem. Ir muito lentamente polvilhando com cola em toda a superfície homogeneamente, e começar a mexer bem o Asticot em círculos misturando o mesmo muito bem com a cola e ir acrescentando pouco a pouco a cola e água sempre borrifada até sentir que o mesmo está a ficar colado mas não em demasia.

2º Seguidamente adicionar a Gravilha ao Asticot mexendo muito bem sempre em círculos e ir juntando um pouco mais de cola e ir borrifando com água até se ter um toque compacto.

3º Estas bolas devem ser feitas de forma que garantam que só se desfaçam quando chegar ao fundo, por isso, cabe ao pescador procurar o ponto ideal. Assim, a quantidade de gravilha terá de ser apenas a suficiente para garantir que leve o Asticot para o fundo o mais rapidamente possível e mantenha o mesmo no local de queda. Ex. talvez 500gr. Chegue para os 4 lt. de Asticot ou um pouco mais depende da corrente na altura.

4º A gravilha para este tipo de rio e corrente deve ser o mais pesado (com partículas maiores).

5º Pretende-se que as bolas de engodo formadas pelo Asticot e Cola fiquem bem compactas mas não em demasia.

6º Importante que as bolas não se desfaçam durante o seu lançamento e percurso e até ao fundo do leito, mas não demasiado compactas para que ao chegarem ao fundo as mesma se desfaçam em segundos.

7º Deve-se fazer a experiência por ex. Num balde ou até dentro do rio aos nossos pés o tempo que a bola deve ser desfeita. E assim, ter a noção se necessita de mais cola ou ser mais borrifado. (as mesmas devem começar a desfazer-se no máximo a partir dos 3 a 5 segundos).

8º As bolas devem ser feitas do tamanho de tangerinas pequenas e a engodagem deve ter um cadência certa e sempre para o mesmo ponto.

9º Dependendo da distância as mesmas podem ser lançadas só com a mão ou para mais longe recorrer a uma fisga de copo largo.

10º Ter sempre um recipiente de plástico com farinha de trigo, para o seguinte efeito: polvilhar o copo da fisga para as bolas não ficarem agarradas na altura do lançamento. E também antes de fazer cada bola ou laçar esfregar também as mãos para assim, evitar que a cola se pegue.

11º Para uma pesca com esta técnica nunca lançar Asticot solto em rapel, este é levado pela corrente e lá se vai o pesqueiro, esta engodagem solta deve-se fazer ao praticar outras formas de pesca e outras condições de pesqueiro.


12º A utilização da ervilhaca, trigo e cânhamo também é fundamental para esta pesca aos barbos e outros.


TIPO DE PESCA A UTILIZAR


O tipo de pesca que aconselho é á Inglesa, embora á Bolonhesa se não estiver vento ou muita corrente seria uma boa opção.

Mas nesta época ainda de vento e alguma corrente provocado pelas chuvas etc. a inglesa é a que melhores resultados dá pela sua forma de o fio estar total debaixo de água.

Para os barbos, usar um bom fio afundante e entre o 0,16 e 0,18. Mas atendendo á altura do ano em que eles estão cheios de força aconselho o 0,18.

Mesmo para um 0,18 atendendo ao tamanho dos barbos nesse rio eu utilizaria o “Airbag” sem margem para dúvida para uma maior segurança.

Terminal de 0,16 se o peixe for médio se for maior 0,18 com o comprimento de 0,50cm ou 1,20mt.

Utilizar um destrocedor muito pequeno nº 18 entre a madre e a ligação do terminal.


BOIAS


Para a pesca á inglesa eu utilizaria no início uma de 14 a 16 gr. Para ter peso suficiente e não fugir muito da zona engodada.

Se no decorrer da pesca não houver muita corrente e o peixe estivesse a entrar bem passaria definitivamente para 14 gr.

As Bóias que uso são do tipo Waggler e todas calibradas.

Nota: mas como esta técnica requer outros requisitos aconselho pescar sempre com 14 gr. porque assim está-se defendido de outras eventualidades que possam surgir com um peixe maior que entre no pesqueiro.

Outra situação que queria comentar era a utilização de dois tipos de montagem sempre prontas a funcionar a qualquer momento sem perda de tempo e que requer ter duas canas montadas.

Uma sondagem muito perfeita para que permita por a montagem do terminal assente pelo chumbo de toque no leito porque o barbo inicialmente come mesmo no fundo e depois com o pesqueiro bem engodado e tendo confiança neste começam a comer os Asticot que se encontra a navegar e á caça dos que vão caído das bolas em forma de rapel e assim, devemos passado algum tempo tentar fazer comer um pouco mais acima sendo necessário ter uma montagem a rasar o fundo ou até um pouco levantada +- dois palmos "ou tipo meia água".
A necessidade de ter duas canas com este tipo de montagem é para permitir ao longo do dia ir alternando e verificar como é que eles estão a ferrar melhor.
Claro que entre outras técnicas e formas de engodagem, esta parece-me bem para começar a preparar e a entender o pesqueiro, é já bastante avançada porque requer um engodo muito bem preparado e sem pressas e uma muito boa sondagem.

Lembro que uma boa sondagem é mais de meio caminho andado para uma boa pescaria.
Numa prova de competição para alem do tratamento vip a todas as situações a que mais tempo nos ocupa antes de uma prova são sem dúvida e de facto a sondagem. Esta quase sempre tem haver com o sucesso ou insucesso de uma prova.

Deixo aqui duas fotos muito simples para se poder verificar o que quero dizer (pescar no fundo ou a rasar).
Atenção, atendendo á profundidade e ao comprimento do terminal deve ter sempre um chumbo de toque +- 25 / 50cm. do anzol . Terminal de 0,16 se o peixe for médio se for maior 0,18 com o comprimento de 0,50 a 1,20mt. Este fio deve ser de muito boa qualidade e tanto quanto possível de flúor e invisível, eu uso o da Tubertini “TATANKA” ou o da Colmic “XILO”.

Anzol de boa qualidade, tamanho simplesmente 14 ao 18 de cor preferencial Bronzato. Eu uso por norma os da Tubertini e Drennan. Mas aconselho para barbos adultos o nº14.

Para sondar uso dois tipos de sonda, a tradicional de mola para sondar a pousar no fundo pelo chumbo de toque e a de mola da stonfo para sondar a rasar pelo anzol.

Deixo aqui um conselho muito útil para quem ainda não tem mão para a pesca á inglesa: Montar uma cana de Bolonhesa aí com 5mt, colocar uma bóia de bolonhesa de 15 ou 20gr. Fazer uma montagem á burra isto de burra quer dizer que depois de se passar o fio pelo orifício do corpo da bóia dás duas voltas na quilha da bóia e passar depois pelo orifício da quilha. Se a bóia for ex. de 20gr. colocar uma olivete de 25gr. Depois colocar uma missanga mais travão e dar um nó de alça só para que a olivete não saia.
Esta montagem permite que sempre que o fio esteja com peso sai com fluidez mas quando está laço prende e é este o ponto que nós queremos.

Então para que serve esta cana assim montada: Serve para marcar o pesqueiro.

Depois do pesqueiro estar bem sondado, lançar para o local de forma que a bóia fique bem firme para o local pretendido, em princípio depois de a olivete assentar a bóia prende e não sairá mais de lá e aí está o segredo desta montagem…A partir de agora engodar sempre para o mesmo local da bóia e passa-se a fazer os lançamentos um pouco para a frente da marcação de depois recuperar até ao local da bóia piloto e assim está-se sempre dentro do pesqueiro engodado.

Claro que em provas isto não é possível só em pesca livre e também só durante o treino e adaptação á pesca Inglesa. Depois de se ganhar mão nos lançamentos esta situação já não é necessária.

Não esquecer que nesta época é muito difícil fazer boas pescarias de Barbos, Escalos, Carpas, etc. as águas ainda estão muito frias e a desova ainda permanece e o peixe está pouco activo.

Á que recordar que a a pesca á Inglesa é feita com a ponteira toda bem dentro de água e com linha afundante devidamente esticada, esta acção permite livrar-nos da corrente e do vento. Enquanto á bolonhesa o fio trabalha totalmente fora de água e com vento e corrente não se consegue aguentar a bóia no pesqueiro.

Boas pescarias
Carpa Real
Nelson Peres
 
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Offline FilipePC

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Re: Pesca de Barbos- Tecnica
« Responder #1 em: 17:48 Terça, 31 de Dezembro de 2013 »
Belo post.
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Offline canivete

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Re: Pesca de Barbos- Tecnica
« Responder #2 em: 22:25 Quinta, 02 de Janeiro de 2014 »
Em primeiro lugar dar ao parabens pelo texto que está muito completo e explicito,no caso especifico com corrente quase nula e somente 9m de largo eu optaria por uma engodagem  de farinha mas com coupelle para evitar o barulho,asticô solto e canhamo,não descurando o trigo


abraço



Manuel Matos
 

Offline kalvas

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Re: Pesca de Barbos- Tecnica
« Responder #3 em: 21:03 Sábado, 04 de Janeiro de 2014 »
O amigo Carpa Real sabe muito desta arte.
Boa partilha.
Um abraço para ele.

Bom trabalho NelsonP.
Este artigo está salvo.

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