Ora boa tarde e um feliz dia de Natal para todos os companheiros aqui do fórum. Hoje deixo-vos aqui uma breve comparação entre as duas abordagens mais comuns á pesca dos predadores de agua doce, com especial enfase para o Achigã, a pesca a partir de um barco e a pesca de margem.
Tentarei elucidar-vos e lançar algumas luzes em relação aos prós e contras de cada uma das duas abordagens. Como em tudo na vida o tipo de pesca que praticamos é algo que vai evoluindo ao longo dos tempos, naturalmente, e na grande maioria das situações, todo o pescador começa por procurar os predadores de agua doce primeiramente a partir da margem. As razões para tal são varias começando pela mais obvia, um barco, mesmo o mais simples e básico, é algo que tem um custo monetário já considerável e que costuma, salvo no caso de alguém que more mesmo nas margens de um rio ou barragem, precisar de um veiculo para o rebocar/transportar. Fruto desse investimento a maioria das pessoas só pode dar esse passo mais tarde na vida quando já entrou na sua vida profissional tendo só aí a disponibilidade financeira para adquirir um.
Logo, no inicio da vida piscatória, é a partir das margens que começamos a tentar enganar os nossos amigos Achigãs, a pesca de margem caracteriza-se por ser uma pesca que nos força a ser mais generalistas na adaptação ás condições existentes, enquanto num barco podemos levar varias canas e carretos, quer de spinning quer de casting, próprios para as mais variadas técnicas de pesca na pesca de margem é mais usual levar apenas um conjunto mais generalista e que consiga desempenhar de forma mais ou menos satisfatória as varias técnicas que existem, ora isto é uma limitação, pois uma cana para crankbaits terá sempre uma acção diferente de uma cana para vinis por exemplo, geralmente, e como por motivos de transporte só podemos usar uma cana, tende-se a escolher um conjunto de spinning composto por uma cana de acção médium/heavy e um carreto do tamanho 2500.
Um conjunto desses, não sendo perfeito em nada, consegue no entanto fazer frente á maioria das situações. Outra das vicissitudes da pesca de margem é que estamos mais limitados no nosso raio de acção, como estamos forçosamente confinados á margem apenas podemos tentar alcançar os obstáculos que se encontrem a uma distância de lançamento da mesma, geralmente ilhas, cabeços submersos e grande pedras/troncos que estejam a mais de 40/50 metros da margem estão-nos vedados bem como os excelentes exemplares que essas estruturas costumam ter. Outra característica da pesca de margem, e atenção que esta não é propriamente negativa, é que é uma pesca muito física! Num dia de spinning chegam-se a percorrer dezenas de quilómetros a pé, muitas vezes em sítios com muita inclinação, vegetação e outras condições adversas, sempre com o material ás costas e a fazer centenas de lançamentos. Ora, como já referi, isso não é necessariamente negativo pois o exercício físico é algo vital ao nosso bem estar e pescar ao longo de uma margem proporciona-nos uma maior envolvência com a natureza e com o meio que nos envolve do que pescar a partir de um barco. No entanto, aquela que para mim é a maior vantagem da pesca de margem quando comparada com a embarcada é a seguinte, para fazer um sessão de pesca de margem basta basicamente ter vontade para tal! Em 5 minutos se põe o estojo na mala do carro, se conduz até ás margens de uma qualquer barragem ou rio e se começa a pesca, já no que á pesca de barco diz respeito as coisas já não são tão fáceis e lineares, já é uma modalidade que força mais planeamento, mais preparação, e mais manutenção após a jornada. Além do que existem varias barragens ao longo do nosso país onde existe restrição ao uso de embarcações.
Passando agora para a pesca embarcado começo por enumerar aquelas que são para mim as suas duas principais vantagens, a mobilidade e capacidade de adaptação ás condições que nos são apresentadas. A partir de um barco practicamente não existe nenhum obstáculo que nos esteja vedado, podemos explorar ilhas, penhascos e margens muito sujas/inclinadas, cabeços submersos e todas as outras zonas que são inacessíveis a partir da margem e que, como tal, estão menos pressionadas. Permite-nos igualmente ter sempre uma sonda ao nosso dispor, o que é uma grande vantagem quando se está a procurar estruturas e peixes estacionários.
Em relação á segunda vantagem, a capacidade de adaptação, está relacionada pela simples questão de que nos é possível transportar vários conjunto de pesca, várias amostras e vários acessórios que nos permitem fazer face ás mais variadas situações. Geralmente para uma jornada de pesca nunca levo menos do que 4 conjuntos.
Em jeito de conclusão, como é obvio o pescar a partir de um barco proporciona-nos mais facilidades e condições para fazer boas capturas, no entanto, para quem não possa ou não queira ter um barco, não existem razões para desanimar/desmotivar. Mediante um pouco mais de esforço, adaptabilidade e muita observação, é igualmente perfeitamente possível obter grandes jornadas a partir da margem, o que interessa ao fim e ao cabo é pescar.
Esperando que tenha sido do vosso agrado, e pondo-me desde já ao vosso dispor para qualquer duvida adicional, despeço-me com votos de um resto de um feliz dia de Natal!