Boas, quanto a este assunto não pretendo criar aqui nenhum tipo de polémica, e portanto não vou estar a contestar ponto a ponto a (pouca) informação que foi sendo dispensada neste tópico, no que à erosão da orla costeira ocidental diz respeito.
Foram referidos estudos, eu apenas li alguns trechos de uma dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil
na Universidade de Aveiro, em que o Júri à prova eram exclusivamente Engenheiros Civis
(não sei bem porquê mas nestas coisas a Engenharia Civil em Portugal nunca se mistura com as outras áreas do saber) a Geologia para estas coisas nunca é convocada
deve ser
Persona non Grata.
Essa dissertação,
“Impacto das Acções Antropogénicas do Comportamento Sedimentar do Rio Douro“ da Autoria de Eduardo da Costa Conceição, refere logo na sua introdução que os valores aqui apresentados pelo companheiro LMagina são defendidos por uns e contestados por outros, certo é que de facto há uma redução significativa de transporte de sedimentos pelo rio Douro, tendo o autor na dissertação que a redução se deve aos seguintes factores:
— Albufeiras 40%
— Dragagens 30%
— Diminuição do Caudal Líquido 20%
— Outros 10%
Mas a redução do volume sedimentar transportado pelos rios é apenas um dos factores da erosão da orla costeira, como refere J. M. Alveirinho Dias no seu estudo de geologia costeira em 1993
"Estudo de Avaliação da Situação Ambiental e Proposta de Medidas de Salvaguarda para a Faixa Costeira Portuguesa" no qual aponta alguns factores concorrentes para essa erosão:
— elevação do nível do mar;
— diminuição da quantidade de sedimentos fornecidos ao litoral;
— degradação antropogénica das estruturas naturais;
— obras pesadas de engenharia costeira, nomeadamente as que são implantadas para defender o litoral.
O que verifico é que estando a engenharia Portuguesa na posse de dados que comprovadamente lhe demonstram que há uma significativa redução dos sedimentos fluviais, tenha optado sempre pela pior das soluções em termos de protecção da orla costeira, e o resultado está à vista.
Neste planeamento, ou total ausência do mesmo, a engenharia Portuguesa esbardalhou-se ao comprido, e não vale a pena querer agora exigir responsabilidades, neste como noutros assuntos, a engenharia Portuguesa haverá de encontrar sempre forma de sacudir a água do capote.
Recordo aqui o caso da Ponte de Entre-os-Rios, um pouco mais e ainda se provava no tribunal de Penafiel que a mesma nem tinha caído ……… e ao que parece a culpa também foi da areia.
Obviamente que resta apenas dizer, os Holandeses foram inteligentes, mas quais Holandeses, os cientistas, os engenheiros, ou os políticos.
E não me venham falar de política, porque se há ramo de actividade que neste País sempre andou sempre de braço dado com a política, tanto na segunda como na terceira República, foi a engenharia civil.
E ainda gostava de saber porque é que na Praia da Tocha não há paredões e areia ainda lá está.
Concluo a minha participação neste tópico com uma foto das casas edificadas pelo meu trisavô José Francisco Silva para os seus filhos.
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Em 2015 completam-se 150 anos desde que esse José Francisco Silva chegou a um local ao sul da Figueira da Foz para assentar a sua campanha de arte xávega e desse modo fundar uma povoação que é hoje a Praia da Leirosa.
Muito provavelmente esse Mar que um dia a todos nos levou até lá, reclamará o que é dele e nos fará abandonar o local e a povoação.
Mas também por aí lhe estaremos agradecidos, a ser, que seja ele a tirar-nos de lá. O Mar, nesta história, é o menos culpado de todos.
Ab
Manel